PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - Para o presidente da França, Emmanuel Macron, o acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia estabelecido na sexta-feira (28) atendeu às expectativas do país. Os agricultes franceses, no entanto, anunciaram que o acerto foi inaceitável.
Eles temem a chegada de carne proveniente do sistema intensivo de criação de gado, diferente do de fazendas familiares do país. Para eles, as quase 99 mil toneladas de carne bovina que o Mercosul poderá exportar sem tarifa serão concorrerão com os 85 mil pastores de gado da França.
"Semanas depois das eleições europeias, é inaceitável a assinatura de um acordo UE-Mercosul que estabelece concorrência desleal aos agricultores europeus e uma farsa total aos consumidores", disse Christiane Lambert, chefe do sindicato dos agricultores da França, em rede social.
O sindicato francês de jovens agricultores também questionou a decisão. "Por que eles pedem para melhorar os termos de qualidade e respeito ao meio ambiente na França e na Europa se vão importar produtos contrários a esses esforços?"
A Federação Nacional dos Bovinos na França alertou que o ritmo de desaparecimento das fazendas de gado dobrou desde 2017. Foram, segundo a entidade, 1.500 desaparecidos nos últimos anos.
Para Macron, a França expressou preocupações com o risco de um surto nas exportações agrícolas sulamericanas para a Europa e acolheu disposições que limitam as exportações de açúcar e carne bovina do Mercosul.
"Eu considero que este acordo é bom, dado que as demandas que fizemos foram levadas em conta pelos negociadores", disse o presidente ao final de uma das cúpulas do G20, em Osaka. Ele havia ameaçado não assinar o acerto de livre-comércio com o Mercosul caso o Brasil desistisse do acordo climático de Paris.