O secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, afirmou nesta quinta-feira (30) que o governo estuda a mudanças no Imposto de Renda (IR), entre elas a criação de um imposto negativo.
O objetivo seria criar uma rede de seguridade social para camadas de renda inferior.
— Seria um enorme avanço na direção de criar uma renda básica mínima. Isso nos permitiria garantir um patamar mínimo de sustentação, uma rede de segurança de toda a sociedade, o que é um sonho do liberalismo — disse Cintra em evento promovido pela Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse) em São Paulo.
Segundo o secretário, também está em discussão redução na alíquota do Imposto de Renda pago por empresas, que, via de regra, é de 34% sobre o lucro das companhias.
Cintra afirmou que em todo o mundo o imposto vem sendo reduzido, citando o caso dos Estados Unidos, que diminuiu a alíquota para 21%. Segundo ele, a medida é necessária para o Brasil se manter atraente para investimentos estrangeiros.
Sobre a viabilidade da aprovação de uma reforma tributária, Cintra disse acreditar que o momento atual é propício, pois tanto o Poder Executivo quanto o Legislativo estão empenhados em ajustar o sistema:
— O Executivo sempre teve papel muito reativo a qualquer tentativa de reforma tributária. Sempre houve protagonismo muito forte do Poder Legislativo, enquanto o Executivo ficava como um árbitro, avaliava impactos, colocava empecilhos. Isso, pela primeira vez, não acontece.
Cintra disse que o governo apoia o projeto de emenda à Constituição (PEC) que tramita na Câmara, baseada em ideias desenvolvidas pelo Centro de Cidadania Fiscal e que unifica cinco tributos federais, estaduais e municipais sobre o consumo em um único imposto.
Segundo ele, a proposta é complementar a que será apresentada pelo governo em breve.
Por outro lado, Cintra disse ver desafios para aprovação do projeto em especial pelo risco de ele gerar restrições de governos estaduais com receio de perda de arrecadação:
— Não é fácil fazer governadores e prefeitos abrirem mão de suas competências tributárias. Há uma natural desconfiança em relação a fundos de participação, muitas vezes mutáveis.
Cintra também voltou a defender a substituição dos encargos pagos pelo empregador sobre a folha de pagamento pela contribuição previdenciária, um tributo cobrado sobre pagamentos. Segundo ele, a medida serviria para estimular a criação de empregos e a formalização. Também tornaria o financiamento da Previdência Social mais sustentável no longo prazo, conforme o mercado de trabalho se move para novas formas de relações, como a economia compartilhada.