Celebrada pelo governo como uma das metas cumpridas nos primeiros cem dias de gestão, a medida provisória que estabeleceu um pente-fino nos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vai completar três meses em vigor sem viabilizar nenhuma nova perícia.
Um entrave orçamentário impede que os recursos para pagar bônus aos peritos que participarem da varredura sejam desembolsados. Com isso, ainda não foi possível colocar em prática a prometida revisão de benefícios com suspeitas de irregularidades.
O governo espera rever 6,4 milhões de benefícios e processos. A economia anual com a suspensão de pagamentos e o maior rigor na concessão de auxílio-reclusão, pensão por morte e aposentadoria rural foi estimada em R$ 9,8 bilhões.
Em março, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei para alterar o Orçamento deste ano e permitir o pagamento dos peritos. O Ministério da Economia espera desembolsar R$ 339 milhões em 2019 e 2020 com bonificações, mas o pente-fino só começa após aval do Legislativo para o remanejamento.
Não há, porém, previsão para que isso ocorra. O projeto que libera os recursos está parado na recém-instalada Comissão Mista de Orçamento (CMO) e ainda não tem relator. Após a análise no colegiado, o texto precisa ser votado por deputados e senadores em sessão conjunta.
A tramitação da própria MP segue a passos lentos. Embora esteja em vigor, a medida só terá validade permanente depois de aprovada nas duas Casas. A comissão destinada a analisar a MP foi instalada na quarta-feira (10), mas ainda não houve debate. A medida precisa ser aprovada na comissão e nos plenários da Câmara e do Senado até o dia 3 de junho.
Enquanto isso, o governo trabalha na operacionalização do INSS e na capacitação dos servidores do pente-fino.
"O prazo para que os servidores façam adesão ao programa já foi finalizado e, tão logo as alterações sejam feitas, o programa de revisão será iniciado", declarou o Ministério da Economia.