O ministro da Economia Paulo Guedes afirmou nesta terça-feira (16) que o governo estuda indexar o valor do frete ao do óleo diesel, o que minimizaria o aumento dos custos dos caminhoneiros em eventuais altas do combustível.
— O presidente da Petrobras já estava estudando tudo isso há alguns meses e por conta da greve isso tudo começou a ser avaliado — disse Guedes.
A declaração do ministro foi feita após reunião da equipe econômica com o presidente Jair Bolsonaro, nesta terça, para discutir a política de preços de combustíveis adotada pela estatal petrolífera.
Segundo Guedes, a ameaça de uma greve por parte dos caminhoneiros, que se mostram insatisfeitos com a oscilação do valor do diesel, provoca a "aceleração" dos estudos. O ministro mencionou que esse tipo de indexação é feito nos EUA, por exemplo.
— Essa solução americana de indexar (o preço do frete ao do diesel) está sendo analisada também, tudo isso está sendo analisado — afirmou.
A possibilidade dessa medida ser levada adiante havia sido comentada em entrevista no Palácio do Planalto na manhã desta terça pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.
"Cartão caminhoneiro" poderia garantir preço do combustível no frete
Ao falar que o governo vê como prioridade garantir o valor do frete para os caminhoneiros, ele disse que isso poderia ser feito de duas formas: indexá-lo ao aumento do diesel ou por meio do cartão caminhoneiro, com o qual haveria crédito para garantir o preço do combustível naquele frete.
— Ou seja, dá previsibilidade, isso vai mitigar o impacto de ele iniciar o transporte e de repente ter aumento do diesel e ele ser surpreendido, ter parte da renda consumida. Ele vai poder comprar, ter um crédito naquele cartão para ele fazer o transporte naquele preço de largada, aquele preço de contratação — afirmou.
Logo em seguida, a assessoria de imprensa do ministério informou que não haverá a indexação do frete ao diesel. Segundo a pasta, esse era apenas um exemplo que não será adotado pelo governo.
As discussões sobre formas de suavizar o impacto de eventuais altas de combustíveis nos custos dos caminhoneiros ocorrem depois de a Petrobras ter segurado, a pedido de Bolsonaro, um reajuste de 5,7% do diesel na semana passada.
A ação, vista como um ato intervencionista do governo pelo mercado, impôs à petroleira uma perda de R$ 32 bilhões em valor de mercado na última sexta-feira (12).
O governo se esforça agora para achar um meio termo entre demonstrar que não pretende repetir a política do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de influenciar na política de preços da Petrobras, sem gerar descontentamento por parte dos caminhoneiros, que ameaçam fazer greve.