Uma ponta de decepção, acentuada com mais preocupações, começa a aparecer. A expectativa de que a esperada reaceleração da economia acontecesse em 2019, por enquanto, não se materializou.
A grande fonte de apreensão agora é a demora na tramitação da reforma da Previdência e falta de foco do governo, embora ainda prevaleça a esperança de que os ruídos em Brasília não inviabilizarão as mudanças nas regras da aposentadoria, consideradas ponto de partida para início da solução da crise fiscal no país e uma retomada mais firme da atividade.
O diretor-presidente das empresas Randon, David Randon, lembra que as vendas do segmento seguem se recuperando, mas a certeza de que o país voltará a ter expansão mais robusta depende de reformas como a da Previdência.
– O mercado está melhor na comparação com o ano passado, mas existe preocupação com os projetos que o governo precisa fazer passar. Se a Previdência não passar, não quer dizer que as vendas vão cair de um dia para o outro, mas as expectativas para o futuro não serão boas – diz David, que espera ainda a ajuda de uma demanda maior vinda de investimentos em infraestrutura.
O superintendente comercial da Kepler Weber, João Tadeu Vino, observa que, no setor de armazenagem, há receio com a falta de recursos para financiamento por meio do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns. O dinheiro disponível acabou no primeiro trimestre e, até agora, não há aceno do governo de liberação de verba para a modalidade de crédito mais importante para o segmento. Vino também admite que o Planalto, por enquanto, não está correspondendo às expectativas criadas após a eleição.
– As soluções não estão acontecendo na velocidade que se aguardava. Espero que o governo tome pé da situação e o Congresso aprove as reformas – afirma Vino.
O diretor-executivo de operações do grupo Dimed, Roberto Coimbra, diz que não há a mesma desaceleração das vendas verificada no ano passado, mas também aponta a necessidade de o Executivo federal passar mais confiança:
– Com o fato de termos um governo novo, parecia que teríamos um pouco menos de incertezas. Mas se essa reforma (da Previdência) não passar, poderemos experimentar um ciclo pior. Precisamos de consistência nas propostas do governo e um sinal mais claro de que vai entregar o que prometeu.
O CEO da Celulose Irani, Sergio Ribas, também mostra decepção com o quadro da economia:
– O ano começou um pouco de lado. Objetivamente, os números estão aquém do que esperávamos.
Contudo, o executivo pondera que ainda predomina a expectativa positiva de que, a despeito dos ruídos de Brasília, as reformas acabem aprovadas e o Planalto consiga levar adiante o ajuste fiscal.
O diretor administrativo, financeiro e de relações com investidores da Renner, Laurence Gomes, se mostra mais confiante. Internamente, as metas de vendas seguem sendo batidas em 2019. Ele avalia que, a despeito da retomada lenta da atividade, o mais importante é a expectativa de uma agenda de reformas a ser implementada e a existência no governo de uma direção clara de política econômica, favorável ao ambiente de negócios.
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