O ministro da Economia Paulo Guedes sinalizou a políticos que apoiam a reforma da Previdência que poderia retirar a adesão automática de Estados e prefeituras, caso isso seja um empecilho para que o texto avance no Congresso.
A adesão automática é útil aos governadores, que com isso não precisariam brigar em seus Estados para aprovar uma medida impopular, como a mudança da aposentadoria de professores, policiais e bombeiros.
Mas o engajamento dos governadores na reforma tem sido errático e muito condicionado à contrapartida federal por recursos. A ameaça de retirada, acredita Guedes, poderia ajudar a reunificar a tropa de governadores em favor da proposta do governo.
Nesta segunda-feira (8), Guedes falou em público sobre a queda de braço travada, nos bastidores, com governadores.
— Se vocês vão falar mal da reforma, eu vou pedir para tirar... Porque você joga pedra na reforma em Brasília e volta para o Estado e diz "tem que tirar isso da Previdência", mas você precisa da reforma. Então ou você assume isso ou nós abrimos mão. Não vamos colocar Estados e municípios e vamos aprovar uma reforma circunscrita à União — disse Guedes em evento, em Brasília, organizado pelo jornal "O Globo".
O ministro foi informado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) da insatisfação de deputados federais com a previsão de que os Estados sejam automaticamente contemplados pelas novas regras.
Os parlamentares se queixam de que estão sendo pressionados em suas bases e, ao mesmo tempo, atacados pelos governadores de oposição quando demonstram apoio à reforma da Previdência. Por isso, querem dividir o ônus político com deputados estaduais e governadores, já de olho na eleição do ano que vem.
Questionado pela reportagem se os Estados poderiam ser retirados da reforma durante a tramitação na Câmara, Maia afirmou que uma alternativa é prever que os governadores tenham que referendar as mudanças nas assembleias legislativas locais.
— O ideal é que todo o sistema esteja na reforma, podendo ratificar nas assembleias. Pode ser uma alternativa — disse. — Aprova e ratifica nas assembleias — completou.
Durante o evento em Brasília, Guedes fez uma previsão sombria caso a reforma não seja aprovada.
— É bom fazer a reforma, se não, continua todo mundo sentado em cima da bola. Continuam os prefeitos quebrados, os governadores quebrados. E vamos ver quem vai ser eleito no ano que vem, se chegarmos ate lá, se não tivermos uma convulsão econômica —afirmou.
— Eu não vou apostar na bagunça, o máximo que vou fazer é quando começar a bagunça é sair da sala e ir embora para casa — ressaltou.