Para acompanhar o ritmo dos novos tempos é preciso velocidade. E a Boeing, fabricante de aviões, sabe disso. Tanto que firmou uma parceria com a empresa estadunidense Aerion Supersonic para desenvolver um modelo executivo supersônico: o AS2. A aeronave, que deve voar pela primeira vez em 2023, é pensada para alcançar até mach 1.4 (cerca de 1,6 mil km/h). Isso significa uma velocidade maior que a do som, que é de 1,2 mil km/h.
O acordo é ambicioso, conforme a Boeing, que confirmou um investimento significativo na companhia parceira. A ideia é acelerar a criação de aviões capazes de quebrar a barreira do som e explorar esse ramo do mercado. O valor do aporte investido não foi informado.
A Boeing revelou, em comunicado oficial, que fornecerá estrutura de engenharia, fabricação e testes de voos, além da colaboração estratégica para que novidade decole no mercado.
— A Boeing lidera uma transformação de mobilidade que conectará com segurança e eficiência o mundo com mais rapidez do que nunca. Trata-se de um investimento de ponta estratégico e disciplinado para o amadurecimento da tecnologia supersônica — assinalou o vice-presidente e gerente geral da Boeing NeXt, divisão da Boeing que investe em projetos inovadores, Steve Nordlund, acrescentando:
— Por meio dessa parceria que combina o conhecimento supersônico da Aerion com a escala industrial global e a expertise em aviação comercial da Boeing, temos a equipe certa para construir o futuro do voo supersônico sustentável.
O valor da aeronave é estimado em 120 milhões de dólares.
O tempo voa
A Boeing já fez uma tentativa frustrada de avião comercial supersônico no passado. Era o modelo 2707, iniciativa que integraria o programa National Supersonic Transport (Transporte Supersônico Nacional), anunciado em 1963 pelo então presidente dos EUA, John F. Kennedy.
A tentativa, no entanto, era demasiadamente ousada, e a companhia não deu conta, quase indo à ruína. O objetivo era construir um modelo de alto desempenho com espaço para quase 300 passageiros e velocidade máxima de Mach 3 (3.703 km/h), três vezes a velocidade do som.
Os aviões seriam montados no início de 1969, com previsão de testes de voo para 1972 e certificação em meados de 1974. Mas, prevendo custos operacionais proibitivos, o 2707 perdeu o investimento do governo americano em 1971 acabou encerrado.