O PIB do Rio Grande do Sul, agora calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), teve forte alta de 3,8% entre julho e setembro e trouxe a atividade para o campo positivo no acumulado de 2018. Os números foram apresentados nesta quarta-feira pela instituição ligada à Universidade de São Paulo (USP), após o governo gaúcho conseguir derrubar a liminar que impedia a continuação dos trabalhos, que antes eram função da extinta Fundação de Economia e Estatística (FEE). No acumulado do ano até o terceiro trimestre, a economia gaúcha cresceu 0,7%, enquanto no país a alta foi de 1,1%, mostram os dados do IBGE.
Em junho, a Fipe apresentou o desempenho da economia gaúcha de 2017 e de janeiro a março de 2018. Agora, tornou públicos os números do segundo e terceiro trimestres. Entre abril e junho, o PIB gaúcho murchou 0,9%, após encolher 0,3% no início do ano. Todas as comparações são em relação ao mesmo período do ano anterior Apesar da controvérsia em torno do contrato e dos questionamentos em relação à metodologia, o coordenador de pesquisas da Fipe, Eduardo Zylberstajn, garante que os números são comparáveis e compatíveis com os do IBGE.
Conforme a fundação paulista, a arrancada da economia gaúcha no terceiro trimestre foi puxada pelos desempenhos da indústria (11,2%), comércio (6,7%) e construção civil (4,8%). O setor de serviços segue segurando a atividade (-0,7%). No acumulado do ano, o maior crescimento é da construção civil (6,3%), seguido pelo comércio (5,3%) e indústria (4,2). Agropecuária (-4,9%) e serviços (-1,4%) permanecem em campo negativo.
— Na indústria, a base de comparação é muito baixa — observa Zylberstajn.
O presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Aquiles Dal Molin, diz notar certa melhor no ritmo de produção do setor, mas avalia que ainda é uma recuperação pequena. Conforme Dal Molin, o segmento com melhor performance hoje é o popular. Mas as construtoras, diz o dirigente, estão mais animadas e revisando projetos engavetados durante a recessão.
— Nossa expectativa é de que no primeiro semestre continue a melhorar, porém de forma tímida. No segundo semestre será uma recuperação mais efetiva, mas temos expectativa muito grande para 2020 — diz o dirigente.
Em Caxias do Sul, um dos principais polos industriais do Estado, os resultados fortes do terceiro trimestre foram percebidos, diz Reomar Slaviero, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs).
— As grandes empresas já tinham sentido essa melhora, mas agora chegou nas menores, as fornecedoras, que integram a cadeia. O terceiro trimestre foi bom e, no quarto, continua — diz o empresário.
O economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da Capital, Oscar Frank, vê com reserva os números por desconhecer a metodologia. Para ele, o ideal seria que conhecer as variáveis consideradas para chegar ao número final.
— Vejo com cautela. Acreditamos que há uma recuperação, mas um crescimento de 7,6% do comércio em 12 meses deve ser visto com cuidado. Acho bem alto, algo que não reflete a realidade do setor — diz Frank, que também tem dúvida sobre a alta de 5,3% no acumulado do ano.
A Fipe ainda não está desagregando os setores, para saber o desempenho de cada setor dentro do comércio, serviços e indústria. Não é possível detalhar, por exemplo, quais segmentos puxaram o salto do desempenho das fábricas. Esta divulgação, garante Zylberstajn, ocorrerá nos próximos meses, embora prefira não arriscar uma data. Outra iniciativa no horizonte é a divulgação mensal dos dados do PIB do Rio Grande do Sul, com uma defasagem de aproximadamente 45 dias. Provavelmente ainda no primeiro trimestre de 2019. Outra promessa é disponibilizar, no site da Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão, todos os números detalhados e a metodologia.
— Nossa divulgação não será uma caixa preta.
Veja o comportamento da economia gaúcha*
2º trimestre
PIB: -0,9%
Impostos: -0,6%
Valor adicionado: -1%
Agropecuária: -6%
Indústria: +0,6%
Construção civil: +7,8%
Comércio: +2,9%
Serviços: +1,5%
3º trimestre
PIB: +3,8%
Impostos: +7,7%
Valor adicionado: +3,2%
Agropecuária: +1%
Indústria: +11,2%
Construção civil: +4,8%
Comércio: +6,7%
Serviços: -0,7%
Acumulado de 2018
PIB: +0,7%
Impostos: +2,2%
Valor adicionado: +0,5%
Agropecuária: -4,9%
Indústria: +4,2%
Construção civil: +6,3%
Comércio: +5,3%
Serviços: -1,4%
Comparação Brasil e Rio Grande do Sul
1º trimestre
BR: +1,2%
RS: -0,3%
2º trimestre
BR: +0,9%
RS: -0,9%
3º trimestre
BR: +1,3%
RS: +3,8%
Acumulado de 2018
BR: +1,1%
RS: +0,7%
*Comparação com igual período do ano anterior