Dez dias pós definir o nome do futuro secretário da Fazenda, Eduardo Leite (PSDB) fez um pronunciamento ao vivo nesta quinta-feira (22), pelo Facebook, para anunciar o economista Marco Aurelio Santos Cardoso como o escolhido para gerenciar as finanças do Estado a partir de 2019. Superintendente de crédito do BNDES, Cardoso foi secretário municipal da Fazenda do Rio de Janeiro de 2012 a 2016.
O convite foi aceito às vésperas do feriado da Proclamação da República, antes das férias. Viajando pela América Central, Cardoso não atendeu aos telefonemas de GaúchaZH nesta quinta. Com retorno ao Rio marcado para segunda-feira, ele irá preparar o desembarque em Porto Alegre, previsto para o início de dezembro.
— A pauta para o enfrentamento da crise não é fácil para o Estado. É um nome que temos a segurança que vai dar para o nosso Estado a condição de conduzir a politica fiscal, tanto nas receitas quanto o controle das despesas, e toda a política do ajuste das contas para entregar melhores serviços à população — disse Leite durante o anúncio oficial.
Antes das férias, Cardoso tratou de se inteirar da situação fiscal gaúcha. Trocou informações com o economista Aod Cunha, responsável pela indicação do seu nome a Leite, e recebeu material da equipe de transição.
— A gente falou bastante sobre o tamanho da folha, do déficit, a liminar da dívida com a União. Primeiro ele ligou perguntando muito. Depois, na segunda ligação, já sabia tudo, já tinha lido muita coisa — conta Aod.
Com mestrado em finanças pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o economista trabalhou no setor privado por nove anos antes de entrar no BNDES e chefiou a Fazenda da cidade do Rio durante a explosão dos gastos públicos com a euforia da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Agora, terá pela frente um cenário distinto. Consciente da gravidade da situação fiscal do Estado, não manifestou preocupação com o tamanho do desafio.
— Ele foi muito bem no Rio, mas pegou um momento singular, jorrava dinheiro para obras. Agora, será diferente, mas é corajoso, tem conhecimento técnico, muita credibilidade e está familiarizado com as questões estaduais — afirma o amigo Fábio Giambiag, economista-chefe do BNDES e quem fez a indicação a Aod.
A escolha de um nome de fora do Estado foi estratégica para as reformas que Leite pretende conduzir. Antes de Cardoso, o governador eleito havia convidado o atual secretário da Fazenda do Espírito Santo, Bruno Funchal, que rejeitou a proposta. Antes do anúncio oficial, manteve segredo até mesmo dos principais assessores e do vice Ranolfo Vieira Júnior.
— Tem tanto enfrentamento com as corporações. Pensamos que, sendo de fora, pode fazer o que precisa ser feito sem se preocupar muito em desagradar ninguém — afirma Aod.