A violência abalou o nível de qualidade de vida no Rio Grande do Sul. Em 2016, o Estado perdeu duas posições em ranking de longevidade e segurança devido ao aumento nos homicídios, aponta a quinta edição do Índice de Desenvolvimento Estadual-RS (iRS).
Os dados mostram que, em escala de zero a um, o indicador que mede o desempenho nessa dimensão baixou de 0,717 para 0,694. Com isso, os gaúchos passaram do terceiro para o quinto lugar da lista das 27 unidades da federação.
De 2015 para 2016, a taxa de homicídios pulou de 26,1 para 28,4 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Professora do departamento de Sociologia da UFRGS e integrante do grupo de pesquisa Violência e Cidadania, Letícia Maria Schabbach avalia que a diminuição das ocorrências pode brotar do avanço de programas que combatam desigualdades:
– Em geral, os homicídios são registrados em maior número em bairros periféricos. Portanto, representam um sinal de desigualdade social. A combinação de falta de trabalho e pobreza leva a isso. E, se houver a presença de grupos de tráfico de drogas, ficará ainda mais fácil para os jovens entrarem no crime.
Consultada por Zero Hora, a Secretaria da Segurança Pública preferiu não comentar os dados do iRS. Apesar disso, informa que números divulgados pela pasta recentemente sinalizam "tendência de queda" em crimes contra a vida. Segundo a secretaria, o índice de homicídios caiu 26,3% nos cinco primeiros meses de 2018, ante igual período de 2017.
Outra variável que compõe o iRS em longevidade e segurança, a taxa de mortalidade infantil apresentou relativa estabilidade em 2016. Na comparação com 2015, passou de 10,1 para 10,2 óbitos para cada grupo de mil nascidos vivos. É o segundo menor índice do país, atrás do registrado em Santa Catarina (8,8 para cada conjunto de mil nascidos vivos).
– O Estado está direcionando ações ao combate de doenças entre as mulheres no período de gravidez. A ideia é detectar logo casos que possam levar prejuízo ao desenvolvimento dos bebês e a ocorrência de partos prematuros – diz o pediatra Erico Faustini, da seção de Saúde da Criança e do Adolescente da Secretaria Estadual da Saúde.
A terceira variável analisada é a taxa de mortes no trânsito, que também teve relativa estabilidade em 2016. Em relação a 2015, passou de 16,3 para 16,2 óbitos para cada grupo de 100 mil habitantes. O Departamento Estadual de Trânsito (Detran) frisa que a mudança de comportamento "é evolução lenta e gradual", que está relacionada a programas de educação e fiscalização, como Balada Segura e Viagem Segura.
Em 2016, São Paulo (0,857) continuou na liderança em longevidade e segurança no país.
Os paulistas foram seguidos por Santa Catarina (0,791), Minas Gerais (0,722) e Distrito Federal (0,722). A média nacional caiu de 0,633 para 0,621.