Dados apresentados nesta semana no Congresso Latino-Americano de Enoturismo, em Bento Gonçalves, apontam os meios que as vinícolas gaúchas vêm buscando para melhorar o faturamento. Um deles é a redução de impostos por meio da adesão ao regime simplificado de tributação, que passou a valer para pequenas e médias empresados do setor neste ano.
Segundo Diego Bertolini, gerente de Promoção do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o valor de impostos cobrados em uma garrafa da bebida pode chegar ao teto de 65%. Com o enquadramento no Simples Nacional para empreendimentos com faturamento de até R$ 4,8 milhões, a redução neste tributo, em uma garrafa vendida pela vinícola para outra revenda, pode cair de 51% para 25%. Ao todo, segundo o Ibravin, 229 vinícolas entraram neste regime de tributação em 2018.
Embora as vinícolas beneficiadas tenham a expectativa de reduzir seus custos, isso não deve se transformar em benefício ao consumidor no preço final, já que a maior parte dos produtos nas gôndolas vem das maiores empresas. Cerca de 90% das 670 vinícolas registradas no Rio Grande do Sul são micro e pequenas empresas, conforme o instituto. Do total de vinhos consumidor no país, 62% são brasileiros, mas 65% do volume de vendas é concentrado em 15 vinícolas. Por isso, segundo o Ibravin, o consumidor não percebe diminuição do valor dos vinhos fabricados localmente porque a maioria que domina o mercado com estrutura comercial e logística não se enquadra no regime de tributação por conta do faturamento maior. Por outro lado, para as pequenas vinícolas a redução vai agregar rentabilidade e competitividade para se igualar aos preços de quem tem mais estrutura.
Durante o Congresso de Enoturismo, realizado nesta semana no Vale dos Vinhedos, iniciativas para que as pequenas vinícolas possam agregar valor e difundir o trabalho foram apresentadas. Cerca de 30% delas já possuem atrativos turísticos. Nestes empreendimentos, mais de 40% da receita provém da venda direta aos visitantes, conforme Marcio Ferrari, vice-presidente do Ibravin.
Além das atrações nas vinícolas que ajudam a ampliar a venda direta no varejo, muitas também estão investindo nas vendas pela internet. Segundo dados apresentados pelo Ibravin, 26% da venda de vinhos no Brasil ocorre de forma online e, em 2017, o e-commerce do setor cresceu 40%.
— O desconto, o sortimento e a comodidade são os principais atrativos — aponta Diego Bertolini.
O setor movimenta mais de 20 mil famílias de produtores na cadeia da uva e do vinho no Rio Grande do Sul.
Zona Franca
O projeto de lei (9045/2017) que cria a Zona Franca da Uva e do Vinho, debatido em comissões da Câmara dos Deputados, também está sendo discutido em cidades que seriam contempladas com o regime tributário especial restrito às atividades do setor. Nesta sexta-feira (29), encontro foi realizado durante a manhã na Câmara de Vereadores de Farroupilha. A previsão é de que uma audiência pública também seja promovida nos próximos dias em Bento Gonçalves.