O governo do Estado vendeu, nesta sexta-feira (27), 2,9 milhões de ações do Banrisul em leilão realizado na Bolsa de Valores. Os papéis negociados são ordinários — com direito a voto. A venda teve valor unitário de R$ 17,65 — mínimo estipulado pelo Estado. O valor bruto arrecadado na transação foi de R$ 52,5 milhões. A operação não foi divulgada previamente, como ocorreu no leilão de 10 de abril.
Na data, o Piratini arrecadou R$ 484,9 milhões com a oferta de ações do banco. Foram vendidos 26 milhões de papéis, cotados a R$ 18,65 cada. As ações negociadas na época eram preferenciais, sem direito a voto.
"Desta maneira, com o sucesso alcançado nesta operação inicial de ações ON (ordinárias), o Banrisul seguirá ainda mais fortalecido em sua gestão profissional e que vem registrando resultados importantes em favor da própria instituição, seus acionistas e colaboradores, assim como para a economia gaúcha", diz nota do governo do Estado.
Conforme o professor de finanças da UFRGS Marco Antônio dos Santos Martins, a transação desta sexta-feira, em princípio, não precisava de nova autorização para ocorrer, pois o Banrisul já tinha a permissão do conselho de administração para o leilão desde a primeira venda de papéis:
— Não precisa (de um aviso prévio). Ele já tinha isso aprovado nos seus órgãos internos. Já tinha autorização para fazer isso.
Em 4 de outubro, quando anunciou a venda, o Banrisul informou, por meio de fato relevante, que a "oferta abrangerá ações ordinárias até o limite da manutenção do controle acionário, bem como ações preferenciais".
Na opinião do professor, o valor da transação desta sexta reflete a situação financeira do Estado e a insegurança de investidores diante do cenário incerto em ano eleitoral:
— Acho que o preço foi bem dentro do mercado. Foi um valor um pouco acima do patrimonial. É o que dá para fazer neste momento.
Mesmo com o leilão, o Estado segue detentor de mais de 98% das ações com direito a voto.
No entendimento do analista de mercado Wagner Salaverry, sócio da Quantitas, a operação do governo com as ações do Banrisul não foi ruim, pois o Piratini negociou um número significativo de ações sem liquidez:
— O governo conseguiu vender um lote expressivo, de R$ 52 milhões, de uma ação que não tinha nenhuma liquidez com um desconto de 13% em relação ao papel mais líquido. Não vou avaliar se o governo devia vender ou não. Olhando para o preço que ele obteve, o tamanho do lote que ele vendeu de uma ação que não negociava nada, fez um belo negócio.
Na opinião do analista, a negociação surpreendeu o mercado e fez com que a bolsa utilizasse mecanismos para garantir uma concorrência mais justa:
— Tanto foi surpreendente, que a própria bolsa deixou esse negócio por um bom tempo hoje ao longo do dia em leilão até ver qual preço iria se formar. (...) Dá para dizer que o preço foi justo, porque, apesar de não ter sido avisado, a bolsa deixou um bom tempo o preço ali para ver se havia interessados.