O delegado da Polícia Federal (PF) Maurício Moscardi Grillo relatou, nesta segunda-feira (5), que houve trocas de e-mails "bastante consistentes" entre executivos da BRF e técnicos, com o objetivo de burlar a fiscalização e a atuação do Ministério da Agricultura. Grillo participou de entrevista coletiva, na PF de Curitiba (PR), para detalhar a Operação Trapaça, nova fase da Operação Carne Fraca, deflagrada em 17 de março do ano passado.
O delegado explicou que foi encontrada alteração do percentual limite de um tipo patológico. Por exemplo, a exigência legal de enquadramento era de 20%, mas foi analisada amostra com uma taxa de 70%. Segundo o delegado, a empresa não tomou cuidados sanitários em relação à contaminação do produto.
Além disso, foi constatada fraude na mistura da ração fornecida para frango, a chamada ração Premix.
— Foram encontradas alterações no composto — relatou. — Não resta qualquer tipo de dúvida de que houve fraude — disse.
Grillo destacou que o Ministério da Agricultura foi parceiro da PF na investigação.
— O trabalho em conjunto rendeu muitos resultados positivos — salientou.
Salmonela
O coordenador geral do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura, Alexandre Campos, afirmou que, em 2017, 12 países fizeram 410 notificações ao Brasil sobre a presença de salmonela em produtos importados do país. Na coletiva, Campos ressaltou que o principal problema das fraudes envolvendo laboratórios e estabelecimentos exportadores estava relacionado à presença ilegal da bactéria salmonela.
A salmonela, comum em carnes de aves, é permitida para comercialização até determinados níveis, porém, 12 países compradores a colocam como requisito restritivo para venda.
De acordo com Grillo, três empresas estão sendo fiscalizadas em busca de provas e outras sete estão sendo investigadas.