Possivelmente em uma das últimas agendas públicas à frente do Ministério da Fazenda, Henrique Meirelles, que deve renunciar ao cargo nos próximos dias para preparar sua candidatura à Presidência, evitou antecipar sua decisão em relação ao partido pelo qual concorrerá, em palestra na noite desta segunda-feira (26) a um grupo de empresários no Country Club, em Porto Alegre. No entanto, deu pistas da linha que deverá adotar caso avance na corrida ao Planalto: a defesa de reformas que avalia estarem tirando o país da crise e o risco de um candidato de oposição provocar retrocesso.
Conforme Meirelles, as mudanças nas regras trabalhistas, no controle dos gastos e a redução no custo do crédito abrirão caminho para um crescimento mais contínuo da economia brasileira, com efeitos já neste ano.
— Hoje, os economistas dizem que, resolvida a crise, o Brasil neste ano vai crescer 3%. Mas, com essas reformas, acho que podemos crescer até 3,5%, 4%.
Ao mencionar os riscos para que este crescimento não seja alcançado, citou o cenário eleitoral:
— Vocês sabem que tem eleição aí, e que têm candidatos que não gostam do que está sendo feito. Não querem o teto de gastos, são contra as reformas trabalhistas. Evidente que eu acho pouco provável (que sejam eleitos), pois é o que levou o Brasil à maior recessão da história — disse.
Ao final da palestra, em entrevista coletiva, o ministro voltou a afirmar que o risco eleitoral é um dos pontos citados por agências de risco para rebaixarem a classificação do Brasil.
Ajuste fiscal no Rio Grande do Sul
Henrique Meirelles afirmou que aguarda uma comitiva gaúcha em Brasília na quarta-feira para apresentar pontos adicionais ao regime de recuperação fiscal do Estado.
— Aguardo com bastante expectativa e vamos analisar isso com rigor e atenção para viabilizar rapidamente — afirmou.
Embora a lei determine que o plano ajuste as contas, que haja medidas de contenção de despesas, redução de subsídios, além da moratória da dívida com a união, Meirelles falou que a ausência de garantias de privatização não afasta o acordo:
— A privatização é uma mera necessidade caso seja preciso para fechar as contas. Não há nada contra isso desde que feche as contas.