O Produto Interno Bruto (PIB) do país ficou praticamente estável no terceiro trimestre. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (1º), o PIB teve leve alta de 0,1% em relação aos três meses imediatamente anteriores. Foi o terceiro avanço consecutivo nessa base de comparação.
Ante igual período de 2016, o crescimento foi mais robusto, de 1,4%. No acumulado do ano até setembro, o PIB apresentou avanço de 0,6%.
– O resultado positivo no terceiro trimestre é uma sinalização mais clara de que o país saiu da recessão. Indica que a economia está em processo de retomada – define o economista Sergio Almeida, professor da Universidade de São Paulo (USP).
Dos três setores pesquisados, dois cresceram no terceiro trimestre em relação ao período imediatamente anterior. A indústria subiu 0,8% e serviços teve alta de 0,6%.
No sentido contrário, a agropecuária caiu 3%. Conforme analistas, a redução no campo foi uma espécie de compensação do elevado crescimento no início deste ano, quando os principais efeitos da safra são sentidos no país.
– A indústria e o comércio, com dinâmicas diferentes, estão retomando suas atividades. Isso tem a ver com a existência de menos incertezas no ambiente macroeconômico. A retomada tem reflexos na situação do desemprego, que ainda está alto, mas apresenta sinais de recuperação – comenta Almeida.
Considerada a soma de todas as riquezas produzidas pelo país, o PIB alcançou R$ 1,6 trilhão em valores correntes.
– Para o quarto trimestre, a projeção é de que o PIB cresça novamente. Serviços é um setor que geralmente tem maior movimentação no fim de ano – prevê Almeida.
Retorno de investimentos
No terceiro trimestre, a formação bruta de capital fixo, um termômetro dos investimentos realizados por empresas no país, avançou 1,6% em relação aos três meses imediatamente anteriores. Nessa base de comparação, foi a primeira alta desde 2013, após 15 trimestres. Em 2017, o indicador segue no vermelho, com baixa acumulada de 3,6%.
Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Julio Mereb avalia que a retomada dos investimentos no terceiro trimestre é resultado de uma combinação de fatores:
– Há um processo de redução de taxa de juro no país. Isso diminui o chamado custo do crédito para as empresas. Além disso, também houve recuo de incertezas macroeconômicas.
Crescimento no consumo das famílias
O consumo das famílias segue no terreno positivo. No terceiro trimestre, avançou 1,2% em relação ao período imediatamente anterior. Nessa base de comparação, foi a terceira alta seguida.
– O resultado ainda teve influência da liberação de contas inativas do FGTS. A inflação baixa contribuiu para aumentar o poder de compra da população. Além disso, também observamos melhora nas condições de crédito para pessoas físicas – declara Mereb.
Em relação ao terceiro trimestre de 2016, o consumo das famílias teve alta mais consistente, de 2,2%. No acumulado de 2017, o avanço é de 0,4%.