Na noite desta terça-feira (19), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou o reajuste anual nas tarifas de energia da CEEE, dando aval para aumento de 29,29% para os consumidores residenciais e de 33,54% às indústrias. O acréscimo ultrapassa em 12 vezes o índice de inflação registrado até o momento em 2017, que é de 2,5%.
A mudança nas tarifas valerá a partir da publicação no Diário Oficial da União. A aplicação não será retroativa a 22 de novembro, data em que estava previsto o reajuste anual.
O efeito causado pela redução na tarifa no ano passado, os custos de transmissão de energia, a escassez de água nas barragens, a queda de receita das distribuidoras e a necessidade de aumento dos investimentos estão entre os principais fatores que contribuíram para o novo tarifaço.
Veja por que a conta da CEEE vai subir quase 30%:
1. "Ressaca" de reajuste no ano anterior
No fim de novembro, em entrevista a colunista de economia de GaúchaZH Marta Sfredo, o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, informou que principal elemento que levou ao tarifaço é o efeito do processo do ano passado. Em 2016, clientes da CEEE tiveram redução média de 16,28% nas contas. Esse item contribui com boa parte do total de 30%, segundo o diretor.
2. Custos de transmissão
Um dos fatores que também no aumento da tarifa está relacionado aos custos de transmissão da energia. Empresas são encarregadas de transportar a energia das geradoras até as linhas de distribuição que chegam aos consumidores. No Brasil, o valor desse serviço foi estimado em R$ 62,2 bilhões, que são embutidos nas contas dos consumidores.
3. Escassez de água
A baixa reserva de água nas barragens também influencia diretamente na variação de preços da energia elétrica no Brasil. No segundo semestre, a escassez de água nas barragens determinou aumentos entre 20% e 35% na conta de luz.
4. Custos e investimentos
Para justificar o aumento na tarifa, a CEEE argumenta que o reajuste é necessário devido à queda de receita e ao aumento dos investimentos. A CEEE-D, que cuida da distribuição, registrou prejuízo de R$ 215 milhões no segundo trimestre.
5. Herança maldita
A medida provisória (MP) 579, que antecipou a concessão para empresas de geração e transmissão, também vai influenciar no aumento das tarifas de energia. Os custos gerados por essa medida serão repassados nos próximos oito anos.
Para saber mais
Diretor-presidente da CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, explica no Estúdio Gaúcha por que a conta de luz aumentou tanto. Ouça: