Pesquisa divulgada na manhã desta quarta-feira (13) sobre estudo e trabalho na juventude mostrou o aumento do percentual de pessoas entre 15 e 29 anos que se dedicam apenas à educação na Região Metropolitana de Porto Alegre, entre 1996 e 2016. Neste intervalo, a participação do grupo de jovens que conseguia permanecer apenas nas tarefas de formação subiu de 19,3% para 26,3% do total do contingente nesta faixa etária.
Os jovens que apenas trabalham ou procuram colocação no mercado ainda são majoritários, mas seu peso relativo diminuiu. O percentual caiu de 51,1% para 46,8%, mostrou o trabalho do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), da Fundação de Economia e Estatística (FEE) e da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (Fgtas).
Os que conciliam trabalho com estudos ficaram praticamente estáveis. Eram 14,6% e passaram a ser 14,8%. O grupo que não se dedica a nenhuma das tarefas recuou de 15,1% para 12,1%.
Virginia Donoso, coordenadora da pesquisa de emprego e desemprego (PED) pelo Dieese, avalia que a mudança dos números é resultado do impacto positivo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a partir de 1996, que ampliou o acesso de crianças e jovens ao ensino.
— Isso mostra como são importantes políticas de Estado, como é a LDB, e não de governo, com trocas de política a cada mudança (no poder) — diz Virginia.
Outro ponto importante, observa a pesquisadora, foi o bom momento da economia brasileira em um intervalo de aproximadamente dez anos, até 2014.
— Isso fez com que as famílias propiciassem aos jovens a oportunidade de ficarem apenas estudando, para depois conseguirem uma ocupação de maior qualidade — sustenta.
A pesquisa mostra ainda que aumentou a escolaridade da juventude da Região Metropolitana. A participação dos que tinham Ensino Superior completo, por exemplo, era de 3% em 1996. Aumentou para 4,6% em 2006 e, ano passado, chegou a 6,2%. No Ensino Médio, o fenômeno foi mais intenso. Nestas duas décadas, foi um contingente que praticamente dobrou. Eram 16,7%, tornaram-se 29,7% em 2006 e, em 2016, passaram a ser 31,7%.
Apesar do aumento significativo da escolaridade, cerca de 15% dos jovens da Região Metropolitana não concluíram o Ensino Fundamental, em 2016. Vinte anos atrás, o percentual era bem superior. Alcançava 43%.
A despeito da diminuição no percentual de jovens que não estudam ou trabalham, é um contingente que ainda requer atenção para a elaboração de políticas públicas, entende Virgínia. Ela lembra que, neste grupo, podem estar pessoas recrutadas pela criminalidade ou então meninas que, após gravidez precoce, não voltam para a escola ou não conseguem se colocar no mercado de trabalho.