Com a crise, a tentativa de recolocação no mercado de trabalho tornou-se um exercício de persistência na Grande Porto Alegre. Em julho, o tempo médio gasto na procura por empregos subiu para 39 semanas na região. Isso significa que os trabalhadores que perderam suas vagas ficaram em torno de nove meses buscando novas oportunidades. É o período mais longo desde dezembro do ano passado, quando o intervalo era de 40 semanas, mostra a Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA).
De junho para julho, a taxa de desocupação diminuiu de 11% para 10,4%. Conforme a PED, o percentual corresponde a 190 mil pessoas sem trabalho. Supervisora do Centro de Pesquisa de Emprego e Desemprego da Fundação de Economia e Estatística (FEE), responsável pela pesquisa, Iracema Castelo Branco projeta que o indicador deve apresentar relativa estabilidade até o fim deste ano.
— Com a reforma trabalhista, que entra em vigor em novembro, até é possível que haja aumento na abertura de vagas. Mas isso não quer dizer que os novos empregos serão de qualidade — pondera.
Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), Bruno Ottoni avalia que, mesmo com o alto nível de desocupação no país, as perspectivas são "mais otimistas" para o restante de 2017 e o próximo ano.
— Na crise, muitas pessoas partiram para a informalidade por falta de opção. À medida que o mercado se recuperar, quem passou a exercer essas atividades poderá voltar à formalidade — estima.
Ottoni também afirma que as alterações previstas na reforma trabalhista podem acelerar a retomada do emprego no país. Para o especialista, a tendência é de que as mudanças não diminuam a qualidade das vagas abertas.
— A literatura internacional (na área econômica) sugere que reformas podem ter impacto positivo na geração de empregos. Podem ser criados contratos mais flexíveis, mas os benefícios previstos ao trabalhador são os mesmos — sublinha.