O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou em apresentação nesta quinta-feira (26), em São Paulo, que o aumento das despesas com Previdência pode levar os gastos com aposentadorias e benefícios a responderem por 80% do Orçamento Federal em 2026, deixando o governo praticamente sem espaço para gastar com outros itens, como saúde e educação.
— Daqui a 10 anos o governo só existirá para pagar a Previdência, se tudo continuar como está — afirmou ao defender a necessidade da reforma no segmento.
O gasto primário do governo central tem tido crescimento nos últimos anos ao longo dos vários governos e se acelerou a partir de 2011, disse o ministro. Ao mesmo tempo, a maior parte dessas despesas é de custos rígidos, ou seja, atrelados à Constituição.
Essa expansão do setor público expulsou o setor privado da economia (o chamado "crowding out" no jargão da economia), que agora começa novamente a recuperar seu espaço.
— Haverá redução do Estado na economia — disse Meirelles ao falar de medidas como o teto que limita o aumento dos gastos públicos.
Segundo ele, as reformas podem ajudar a mudar o patamar de crescimento da economia brasileira. O produto potencial brasileiro está hoje em 2,3%, destacou o ministro, ressaltando que com o avanço das reformas pode chegar a 3% em dez anos.
Meirelles usou parte de sua apresentação também para falar de reformas microeconômicas, que vão melhorar o ambiente de negócios, elevar a produtividade e devem levar à queda do "spread" bancário (diferença entre a taxa que o banco capta recursos e a que cobra dos clientes no crédito).
Meirelles ressaltou, ainda, que agora os brasileiros farão parte do cadastro positivo, mas quem desejar pode não ser incluído na lista de bons pagadores.
— Hoje o bom pagador paga pelo mau pagador — afirmou Meirelles sobre o custo alto do crédito no Brasil.
O ministro da Fazenda participou nesta quinta-feira de evento na Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Para a plateia, formada por empresários e executivos de empresas alemãs no Brasil, Meirelles ressaltou que a reforma do trabalho na Alemanha provocou forte geração de emprego e o objetivo é que o mesmo ocorra na economia brasileira.