Chega a 5,1% a proporção de empresas gaúchas que estão com contas em atraso, conforme o último levantamento do Banco Central, no mês de maio, quadro que não é bom para ninguém: os credores perdem dinheiro, as empresas mergulham em dificuldade para pagar funcionários em dia e os consumidores ficam na iminência de perder uma opção para fazer compras e comparar preços se a empresa quebrar.
Na tentativa de ajudar a desfazer este nó, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) oferece consultoria a empresas que estejam endividadas. O serviço ajuda empresários a avaliar as causas da perda do controle sobre os pagamentos, fazer uma análise detalhada dos compromissos em atraso e desenhar uma estratégia para renegociar essas dívidas, seja por alongamento do parcelamento, seja por abatimento nos juros.
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– Além de ajudar a encontrar soluções para a situação mais imediata, procuramos pensar daqui para frente, ajudamos o empreendedor a conhecer sua capacidade financeira pra a inadimplência não acontecer novamente – explica Augusto Martinenco, técnico da gerencia de Inovação, Mercado e Serviços Financeiros do Sebrae-RS.
O programa está encaixado no programa Atendimento Orientado, que coloca consultores especializados a serviço de empreendedores, dentro da abordagem financeira. Para acessar a ajuda, a empresa deve ter um faturamento de até R$ 3,6 milhões por ano, com atenção particular aos microempreendedores individuais, com renda de até R$ 60 mil por ano, que em tese são os com menor estrutura para recolocar as finanças em ordem. A primeira consulta é gratuita, para fazer o diagnóstico, e as seguintes são cobradas conforme a complexidade do problema.
Conforme consultores que lidam com contas de empresas, muitas companhias acabam rumando para a inadimplência em razão da falta de planejamento, que dificulta a previsibilidade de receitas e despesas. O diretor executivo da Confirp Contabilidade, Richard Domingos, afirma que, ao iniciar um negócio, é normal que o empreendedor o faça de maneira impulsiva, desconhecendo público-alvo e estrutura necessária, além de não pesquisar como está o mercado nem estudar a viabilidade financeira do empreendimento.
– É preciso que o empreendedor tenha em mente que, para colocar uma empresa para funcionar, haverá custos que vão além dos que já se conhece no dia a dia de uma empresa com infraestrutura e pessoal. Dentre esses, os principais são as taxas da junta comercial e da emissão do alvará, entre outras que variam de acordo com a localidade e o ramo de atuação – alerta.
Como buscar o apoio para renegociação
- Nas estruturas de atendimento do Sebrae de sua cidade ou pelo telefone 0800-570-0800. Em Porto Alegre, o Sebrae atende na Rua João Manoel, 282 (Centro).
- Na Sala do Empreendedor de sua cidade, se houver. Em Porto Alegre, fica na Rua Siqueira Campos, 805.
5 formas de manter a saúde financeira da empresa
1. Tenha controles financeiros estruturados com planilhas e softwares. O segredo é evitar que o controle fique no "caderninho" ou na cabeça do empresário, suscetível a erros.
2. Não misture as finanças pessoais com as da empresa, pois haverá mais dificuldade em controlar o fluxo de caixa e prever se haverá dinheiro para pagar as contas em dia.
3. Tenha um planejamento de quanto poderá esticar seu custo a cada mês, prevendo quanto poderá entrar no caixa da companhia todos os meses.
4. Geralmente, quando o empresário de uma pequena empresa pensa em captar mais dinheiro para o negócio, empréstimo é a primeira palavra que vem à mente, mas também pode virar uma armadilha em razão dos juros.
5. A principal dica para a empresa que está endividada é: não deixe a dívida crescer, pois o problema tende a aumentar de forma exponencial, tornando-se uma grande ameaça para a própria existência do negócio.
Como renegociar dívidas
Com fornecedores: eles são fundamentais para que uma empresa consiga manter os estoques no limite ideal e possa oferecer serviços com qualidade. Em caso de dívida atrasada, pode-se negociar mais prazos para pagamento, conseguir eliminar a cobrança de multas e reduzir juros, além de assegurar a possibilidade de efetuar novas compras de insumos/matéria-prima ou produtos para repor o estoque.
Com aluguel: se a empresa funciona em imóvel de terceiros e o aluguel está atrasado, a melhor alternativa é abrir o diálogo com o locador. Lembre-se de que é importante para ele que o imóvel esteja alugado. Você pode pedir um prazo maior sem multas, um período de carência ou um desconto temporário no valor do valor contratado, pelo menos no período de maior sufoco.
Dívidas bancárias: em atraso, provocam altos juros e travam o crédito da empresa. Numa situação dessa, a empresa precisa falar com o gerente do banco para renegociar ou encontrar uma forma de capitalizar a empresa com recursos menos onerosos, como acontece com o uso de cheque especial, por exemplo.
Fontes: Sebrae e Confirp