Parecia que os negócios engrenariam dez vez em 2017, mas a bomba política que explodiu em Brasília com a delação da JBS fez as incertezas retornarem e o movimento já murchou a partir da segunda quinzena de maio. O ano começou com as vendas ganhando velocidade na Bellenzier Pneus, rede que conta com 13 lojas no Rio Grande do Sul e duas em Santa Catarina.
No primeiro trimestre, período em que a economia brasileira cresceu 1% após dois anos de recessão, o faturamento subiu 12%. Nos pontos do Interior do Estado, com o impulso de mais uma supersafra, a receita deu um salto de 20%, puxado pela demanda de pneus para máquinas agrícolas e caminhões. Mas até a procura por produtos e serviços para automóveis leves mostrava reação. Mas veio a freada brusca.
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– Em abril e até meados de maio, as coisas vinham bem, mas na metade do mês (passado) já sentimos uma diferença. Estagnou – lamenta a empresária Nilva Bellenzier, sócia-diretora da empresa, que também credita, em parte, a retração ao clima chuvoso das últimas semanas.
Com o cenário para os próximos meses segue nebuloso, a ordem é reduzir a marcha nos planos de expansão da empresa. Reação típica de tempos de turbulência, quando a queda da confiança faz os empresários segurarem investimentos. Uma nova loja em Caxias do Sul está quase pronta e abrirá. Mas a Bellenzier planejava abrir dois novos pontos este ano. Para isso, procurava um terreno para construir uma unidade em Joinville (SC) e um imóvel para alugar em Passo Fundo.
– Vamos dar uma segurada para ver o que vai acontecer – diz Nilva, ressaltando que deve ser apenas uma postergação.
A empresária torce agora para um desfecho rápido da crise em Brasília e que escolham "o menor pior" para dirigir o país até o próximo ano e tocar as reformas trabalhista e Previdência, que considera essenciais para o país voltar a inspirar segurança.
Proprietário da rede de confecções femininas Thithãs, o empresário Antonio Carlos Souza Gomes notou o mesmo. No primeiro trimestre, o faturamento subiu 9% na comparação em igual período do ano passado. Abril foi mais fraco, o que já era esperado pela transição das estações, mas o baque veio mesmo após a delação da JBS vir à tona.
– Foi incrível. Nos dias seguintes, parecia feriado. As pessoas ficaram receosas. Quem tem dinheiro, guarda. Por que pode precisar mais adiante. O consumidor segura o seu desejo de compras – relata Gomes.
A rede conta com 14 lojas na Região Metropolitana, sendo três próprias e, as restantes, franquias. Diante da mudança de patamar da economia, a ordem é reduzir custos, principalmente nos aluguéis dos pontos. A rede tinha oito lojas em shoppings. Três já foram mudadas para endereços de rua e outras duas estão à caminho.