A reforma da Previdência é "absolutamente necessária" para o Brasil conseguir fazer o ajuste fiscal, estabilizar a dívida pública e voltar a ter melhora da classificação de risco. A avaliação é de Rafael Guedes, diretor da agência Fitch Ratings.
O temor, segundo ele, é de que o governo possa ter de fazer mais concessões para aprovar o texto no Congresso, reduzindo o impacto da reforma. A medida que estabelece um teto para a alta do gasto público é "muito importante", mas sozinha não significa nada, disse, durante conferência da agência em São Paulo nesta semana.
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Para Guedes, ainda é necessário para o país mais medidas fiscais e reformas. Para ilustrar o atual momento das contas do governo brasileiro, ele fez uma analogia com uma garrafa, que antes era de borracha, ou seja, mais frágil, e agora é de vidro, sólida, mas ainda instável.
– Até então, os gastos do Brasil eram como um líquido em fermentação dentro de uma garrafa de borracha. Agora, temos uma garrafa de vidro e o líquido não consegue mais expandir como gostaria. Mas a garrafa ainda pode explodir – disse.
Rebaixamento
A nota soberana brasileira (rating) ainda segue com a perspectiva negativa – ou seja, há mais chances de rebaixamento do que de elevação. Segundo Guedes, os analistas da Fitch estão esperando para ver uma evolução mais positiva no campo fiscal e no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
– O cenário base é de crescimento constante do endividamento do governo sem as reformas – afirmou. – A perspectiva negativa reflete o gradualismo fiscal que está sendo implementado pela equipe econômica, os riscos para a condução do ajuste fiscal e os riscos negativos do ambiente político – ressaltou Guedes.
Ele destacou que a perspectiva ainda é de recuperação muito lenta da atividade econômica.
– O Brasil é um país que investe muito pouco quando comparado a seus pares – disse ele, ressaltando que o país investia 20% a 21% do PIB nos últimos anos, caiu para 15% no ano passado e deve ficar abaixo de 17% este ano.
*Estadão Conteúdo