Morador do Bairro Ipanema, na Zona Sul de Porto Alegre, Antônio Francisco da Silva, 76 anos, não vê problemas em rodar quase sete quilômetros até um posto na Avenida Nonoai para buscar gasolina a preço mais baixo. Preparando-se para pegar a estrada neste feriadão de Tiradentes, ele aproveitou o litro a R$ 3,45 e encheu o tanque na manhã desta quarta-feira.
– Perto da minha casa, tem um posto que cobra R$ 3,69 a gasolina comum, e se multiplicar pelo tanque completo, a diferença é grande – explica.
O garimpo de Antônio se tornou mais recompensador com a queda gradativa no preço da gasolina na Capital. Nas últimas quatro semanas, o valor médio do litro caiu de R$ 3,695 para 3,603, conforme pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Levantamento da reportagem em 60 postos na manhã desta quarta-feira verificou que a gasolina comum mais barata custa R$ 3,39 em oito revendas da Zona Norte. Isso significa que encher um tanque de 45 litros pelo valor mais baixo traz economia de R$ 10 em relação ao valor médio calculado pela ANP – gasto de R$ 152,55 ante R$ 162,13, respectivamente. Por outro lado, quem completar com o maior preço encontrado pela reportagem (R$ 3,69) vai gastar R$ 166,05.
Na arte abaixo, selecione uma zona da cidade para conferir os valores da gasolina comum naquela região. Os preços mais em conta estão na Zona Norte
Disputa
O levantamento percorreu 15 postos em cada uma das quatro zonas da cidade. O valor médio mais em conta nos postos pesquisados é na Zona Norte (R$ 3,42), seguido pelas zonas Sul (R$ 3,47) e Leste (R$ 3,48). A média mais alta é na Zona Central (R$ 3,51).
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A recente queda de preços decorre da disputa entre postos da mesma vizinhança pelos clientes, afirmam empresários do setor, já que não houve recente redução no preço da gasolina vendida pela Petrobras.
– Aqui, tenho como vizinhos dois postos de bandeira branca que baixam o preço com frequência. Se eu não fizer o mesmo, vou perder clientes – explica Cristian Poletto, gerente de um posto BR na Avenida Nonoai, que vende gasolina comum e aditivada a R$ 3,45.
Sem distribuidor exclusivo
A exemplo do que ocorre na região da Avenida Nonoai, a propagação das revendas independentes ajuda a explicar a trajetória de queda no valor do litro. Conforme Adão Oliveira, presidente do Sindicato do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes do Estado (Sulpetro), é crescente o movimento de postos que deixam de ser revendedores exclusivos de grandes distribuidoras e se tornam os chamados postos de bandeira branca. Com isso, ganham liberdade para escolher o distribuidor.
– Isso pode trazer mais poder de barganha na hora de negociar os preços com as distribuidoras – explica Adão.
A mudança costuma ocorrer quando expira o contrato de exclusividade com marcas como Shell, Ipiranga ou Petrobras (BR), que costuma durar sete anos. Conforme a ANP, há 34 postos de bandeira branca em Porto Alegre. No Estado, segundo relatório mais recente da agência, são 576 unidades, um salto em relação às 527 que existiam ao final de 2015.
Questionado se há maior incidência de casos de adulteração nestes postos, em razão da não vinculação com uma grande rede, a ANP informa que "não há relação direta entre o fato de o posto ter ou não bandeira e a qualidade do combustível que comercializa".
Participou Liliane Pereira