O grupo de políticos e empresários gaúchos mobilizados pelo avanço da duplicação da BR-116, entre Guaíba e Pelotas, teme que o corte no orçamento anunciado pelo governo federal impacte o já lento andamento da obra. Além de reivindicar verba extra, o movimento tenta garantir que os recursos previstos inicialmente não passem pelo contingenciamento.
Desde a semana passada, quando o Planalto comunicou o bloqueio de R$ 42,1 bilhões no orçamento para cumprir a meta fiscal deste ano, o receio percorre a zona sul do Estado. O segundo maior impacto ocorreu justamente no Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, responsável pela obra. Serão menos R$ 5,1 bilhões neste ano – queda de 31,8%.
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– Está todo mundo um pouco assustado com esse corte e seus efeitos, mas continuamos pedindo reuniões com os ministérios do Planejamento e dos Transportes na tentativa de conseguir mais recursos. Apesar dos cortes, nem todas as obras serão atingidas. Então, algumas delas podem enfrentar algum problema, e temos a chance de pedir remanejamento orçamentário – diz a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB).
O ministério não confirma bloqueio de verba para a obra, limitando-se a informar que ainda estão sendo definidos quais projetos serão impactados pelo contingenciamento. Cientes do cenário, representantes do grupo devem participar de uma reunião, na quarta-feira, com a direção-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), em Brasília.
– Os recursos cortados trazem um problema para todo o orçamento do Dnit, inclusive para a manutenção de estradas. Se há o risco de não conseguirem manter, é capaz de nem conseguirem executar. Se não continuar a mobilização, o risco hoje é que nem seja executado o que está previsto no orçamento. Se garantirmos (o valor inicial), já será uma grande vitória – avalia o deputado Jerônimo Goergen (PP), que participa dos contatos com o governo federal.
Antes do corte, o orçamento deste ano previa R$ 74 milhões para a duplicação dos 234,9 quilômetros da BR-116 e a execução do contorno de Pelotas – valor que já era considerado insuficiente para liberar trechos da rodovia para o trânsito. Foi quando surgiu a mobilização de dezenas de líderes da região, batizada de Juntos pela 116. Ainda faltam R$ 634 milhões para a conclusão da obra, que, hoje, não tem previsão de entrega.
Principal ligação entre a Região Metropolitana e a Serra com o porto de Rio Grande, a rodovia não dá mais conta do fluxo de caminhões e deixa o transporte de mercadorias mais lento, tirando competitividade da produção gaúcha e gerando perdas bilionárias. De pista simples, a estrada é considerada perigosa e com altos índices de acidentes e mortes.
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