Após a Polícia Federal (PF) deflagrar a Operação Carne Fraca, na última sexta-feira, o Grupo Pão de Açúcar (GPA), o Carrefour e o Walmart – empresas líderes do setor no Brasil – estão pedindo esclarecimentos aos seus fornecedores de carne citados na ação da PF. Por meio de comunicados, as varejistas também afirmam que têm programas de monitoramento da qualidade dos alimentos vendidos.
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Na segunda-feira, o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) encaminhou ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e ao presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Jarbas Barbosa, pedido de retirada imediata dos produtos impróprios ao consumo investigados pela operação da PF, conforme previsto no artigo 10 do Código de Defesa do Consumidor.
A entidade exige que o governo forneça a descrição dos itens fraudados, como marca, número do lote, local da apreensão do produto e outros dados que facilitem a identificação.
O GPA, dono das bandeiras Pão de Açúcar, Extra e Assaí, disse que todos os itens de origem animal processados vendidos nas lojas têm certificações emitidas pelos órgãos competentes, nos âmbitos federal, estadual ou municipal. Para os produtos in natura, o GPA informa que todos os lotes de produtos de fornecedores recebidos em suas centrais de distribuição passam por processos internos próprios de auditoria.
O Carrefour disse em nota que "possui controle rigoroso para seleção e monitoramento de seus fornecedores que, dentre outros critérios, exige o cumprimento das normas regulatórias determinadas pelas autoridades competentes para produção e fornecimento de alimentos". A empresa afirma que já exigiu esclarecimento aos fabricantes envolvidos nas denúncias.
O Walmart Brasil afirma que faz a inspeção em 100% das cargas de perecíveis entregues em seus centros de distribuição e que já entrou em contato com todos os fornecedores citados na operação. A companhia afirma ainda que garante a qualidade do armazenamento, transporte e entrega dos alimentos às lojas. No Rio Grande do Sul, a empresa segue o posicionamento nacional.
No Estado, a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) não adotou medidas em relação aos fornecedores do alimento, pois não foi notificada judicialmente por nenhum órgão de segurança ou fiscalização. A recomendação é que os associados contatem diretamente seus fornecedores para solicitar informações.
O presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, disse que o setor no RS ainda não sentiu o impacto da operação, pois nenhuma planta local está entre as investigadas pela PF. Conforme Longo, nos próximos dias o preço dos produtos deve baixar em razão do fechamento de mercados externos:
– Até o momento, o consumidor gaúcho segue comprando normalmente os produtos. Ele continua confiante em relação a essas marcas. O que pode acontecer, nos próximos dias, é queda no preço dos produtos, pois diversos mercados externos estão fechando as portas para o Brasil – explicou.
Procurados por ZH, os grupos Zaffari e Asun não quiseram se posicionar sobre o caso.
*Zero Hora com informações do Estadão Conteúdo