O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, criticou neste domingo a "narrativa" da Operação Carne Fraca pela Polícia Federal. Maggi reclamou que o Ministério da Agricultura não foi consultado e disse que poderia ter esclarecido pontos que foram considerados irregulares pela PF, mas são práticas do setor.
– Em função da narrativa é que se criou grande parte dos problemas que temos hoje – afirmou.
Após a entrevista, Maggi disse que não ficaria "batendo boca" com a PF via imprensa. Ele citou um áudio sobre papelão e disse que ficou claro que se tratava de embalagem, e não que o material seria misturado à carne, como indicou a polícia.
– É uma idiotice. As empresas gastaram milhões de dólares para conquistar mercados, e vão misturar papelão? – questionou.
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Maggi também citou outro áudio que mostra um dono de frigorífico adquirindo carne de cabeça de porco para usar em linguiça.
– Carne de cabeça de porco pode ser utilizada em determinados porcentuais, em determinados produtos. Está no regulamento – completou.
Maggi disse que o governo respeita as investigações, mas que questionou a PF o porquê de o Ministério da Agricultura não estar presente nas investigações.
– Por que não estávamos presentes para dizer que cabeça de porco pode ser utilizada ou que ácido ascórbico é vitamina C? – afirmou.
De acordo com o ministro, a PF explicou que a Agricultura era parte da investigação, por isso não foi consultada, mas que a investigação agora terá o apoio técnico da pasta.
Maggi disse estar preocupado com a repercussão da operação em relação aos mercados importadores.
– Uma atuação forte de países impedindo o recebimento de mercadorias significaria crise muito grande, por isso nosso apelo a embaixadores e os esclarecimentos de que estamos trabalhando muito fortemente para resolver esses assuntos – acrescentou.
De acordo com o ministro e representantes do Itamaraty, não houve suspensão de importação por nenhum país e não houve referência a isso na conversa com os embaixadores. O presidente Temer também não abordou a questão na conversa com o presidente dos EUA, Donald Trump, no último sábado por telefone.
O Ministério da Agricultura se comprometeu a informar os nomes de empresas investigadas que exportaram nos últimos meses, quais os produtos e por onde as mercadorias circularam.
– Os levantamentos iniciais que nós temos é que pouquíssimas empresas tiveram movimentação nos últimos 60 dias – completou.
Maggi disse ainda que serão verificados os motivos para trocas de fiscais em determinadas plantas, apontadas pela PF como indicativos de corrupção. Uma das acusações é que fiscais que começavam a "apertar" a fiscalização eram trocados de locais. De acordo com o ministro, há mais de um ano já não é possível trocar os fiscais sem cumprir uma série de regras.
Outro ponto que será verificado é saber se toda a cadeia ligada aos frigoríficos suspeitos está sendo alvo de fiscalização e se todos os procedimentos estão sendo cumpridos.
– Poderíamos tomar medida mais drásticas de interditar todas as plantas, mas o efeito na cadeia seria muito grande – afirmou.