Quase uma semana após a vitória de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, instituições financeiras e economistas ouvidos pelo relatório Focus alteraram as projeções para a economia brasileira. O documento divulgado pelo Banco Central (BC), nesta segunda-feira, estima que ocorra uma elevação do taxa básica de juros e do câmbio em 2016, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter retração ainda maior em relação às previsões anteriores.
Para o dólar, o mercado elevou a estimativa de cotação de R$ 3,20 para R$ 3,22 ao final deste ano. Já para 2017, a projeção passou de R$ 3,39 para R$ 3,40. Desde a eleição que elegeu o republicano, a moeda norte-americana vem registrando alta.
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As perspectivas para o Produto Interno Bruto (PIB) também tiveram piora nesta semana na comparação com a anterior, quando a queda prevista era de 3,31%. Agora, conforme o relatório Focus, a atividade econômica brasileira deve encerrar 2016 com retração de 3,37% – sexta piora seguida. Para o próximo ano, a expectativa de crescimento foi cortada pela quarta vez consecutiva, de 1,20% para 1,13%.
Com previsões negativas para o dólar e para PIB, o mercado elevou a estimativa para a taxa básica de juros. A expectativa das instituições e economistas é de que a Selic alcance 13,75% ao ano no final de 2016, contra 13,5% da projeção anterior. Para 2017, a taxa básica de juros deve fechar em 10,75% – número mantido há duas semanas pelo relatório Focus.
Ao reajustar a Selic para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Comitê de Política Monetária (Copom) barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.
Redução da inflação
Conservando a tendência das últimas avaliações, o mercado reduziu a projeção para a inflação em 2016. De acordo com o relatório Focus, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve chegar a 6,84% em 2016. Na semana passada, a previsão era de 6,88%. Em relação ao próximo ano, a estimativa passou de 4,94% para 4,93%.
Com isso, a projeção do mercado para a inflação em 2017 ainda não alcança o centro da meta de inflação, de 4,5%, que deve ser perseguida pelo BC. O limite máximo da meta no próximo ano é 6%. Para este ano, a estimativa fica longe do centro da meta, também de 4,5%, e ultrapassa o teto, de 6,5%.