As seguidas quedas do dólar levaram o Banco Central (BC) a divulgar uma intervenção no mercado cambial. Na quinta-feira, a moeda americana recuou 0,83%, cotada a R$ 3,2105. Em junho, desvalorizou 11%.
Com a nova queda, o BC anunciou, após o fechamento do mercado, que lançará mão nesta sexta-feira de um instrumento usado para conter a variação do câmbio: o swap cambial reverso.
Essas operações equivalem à compra de dólares no mercado futuro e são utilizadas para evitar uma queda ainda maior da divisa. Elas servem para desmontar o estoque de outras operações feitas anteriormente pela autoridade monetária, os swaps tradicionais, utilizados pelo BC quando o objetivo é o oposto – evitar uma alta ainda maior da moeda americana. O Banco Central tem um estoque de US$ 62,135 bilhões em contratos tradicionais de swap cambial.
Leia mais
Não há quem chore por dólar barato
Dólar cai pelo terceiro dia consecutivo e acumula queda de 18,6% no semestre
Libra e euro: saiba se é o momento de comprar ou não
A oferta da instituição de apenas US$ 500 milhões nos contratos de swaps cambiais reversos não deverá trazer grandes impactos na cotação do dólar, segundo analistas, mas servirá para indicar vigilância sobre o mercado cambial. O BC não oferta swap cambial reverso desde 18 de maio, um dia após o dólar ter fechado a R$ 3,4895 no mercado à vista.
O mercado ainda tenta identificar qual é o piso da cotação da moeda americana na gestão do novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn. Durante a presidência de Alexandre Tombini, o patamar de R$ 3,50 era visto como um "gatilho" para o anúncio de leilões de swap cambial reverso.
Para o operador José Carlos Amado, na Spinelli Corretora, o volume do leilão de hoje é pequeno, em linha com a "parcimônia" já indicada por Goldfajn.
– Não acho que o mercado vai sair tomando dólar só porque teve anúncio de swap cambial reverso. Pode ser que, por ter caído muito, tenha uma alta, mas nada com muita sustentação – afirmou.
Na avaliação dele, um dos termômetros da abertura será o Exterior, uma vez que na próxima segunda-feira será feriado nos EUA, o que pode gerar alguma volatilidade nesta sexta.
Em Nova York, o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Daniel Godinho, garantiu que o governo não tem recebido queixas sobre o atual patamar do dólar. Ele destacou que a taxa média deste ano é de R$ 3,71 até agora. Em 2015, ficou em R$ 3,34.