Com a perspectiva de a inflação chegar a 6,6% e estourar a meta neste ano, o Banco Central (BC) afirmou nesta quinta-feira que não trabalha com a hipótese de reduzir a taxa básica de juros, a Selic. A informação está no Relatório de Inflação da instituição, divulgado trimestralmente.
Esta é a primeira vez que o BC projeta estouro da meta para este ano. O centro da meta da inflação é 4,5%. Já o limite superior é 6,5%.
A taxa Selic é o principal instrumento do Banco Central para o controle da inflação. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.
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No relatório, o BC ressaltou que há incertezas quanto ao comportamento recente das expectativas e das taxas observadas, combinados com a presença de mecanismos de indexação (reajuste de preços com base em índices de inflação).
O Banco Central também destacou que o processo de realinhamento de preços livres em relação aos administrados e dos domésticos em relação aos internacionais é mais demorado e intenso do que o previsto. "Adicionalmente, remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial", disse o BC.
No relatório, o Banco Central cita que incertezas quanto ao processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição também afetam a inflação.
O relatório
Segundo a projeção divulgada nesta quinta-feira, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve fechar este ano em 6,6%. A estimativa anterior, publicada em dezembro, era de 6,2%.
Para 2017, a previsão para a inflação passou de 4,8% para 4,9%. Em 12 meses encerrados em março de 2018, a estimativa para o IPCA é de 4,5%.
O Banco Central também espera maior retração da economia neste ano. A projeção para a queda do Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos, passou de 1,9%, divulgada em dezembro, para 3,5%.