A crise econômica derrubou a atividade econômica brasileira em 2015 e afetou fortemente o pagamento de impostos pelas empresas e pessoas físicas. Dados divulgados nesta quinta-feira pela Receita Federal mostram que, no ano passado, a arrecadação de tributos pelo órgão alcançou R$ 1,221 trilhão, uma queda real de 5,62% em relação ao ano de 2014. Foi o pior desempenho anual desde 2010, considerando os valores corrigidos pela inflação.
Em dezembro, o recolhimento de impostos e contribuições federais somou R$ 121,502 bilhões, uma queda real de 4,32% na comparação com o mesmo mês de 2014. Foi o pior desempenho para meses de dezembro desde 2009.
Desonerações
Mesmo com a redução das desonerações concedidas em 2015, o valor dos incentivos resultaram em uma renúncia fiscal de R$ 103,262 bilhões entre janeiro e dezembro, valor 3,87% superior à registrada em 2014. A maior parte da renúncia foi com a desoneração da folha de pagamentos, que, mesmo com a reversão do incentivo, somou R$ 24,149 bilhões em 2015, crescimento de 9,24%. Em dezembro, as desonerações concedidas pelo governo totalizaram R$ 7,907 bilhões, 27,04% menor do que no mesmo mês de 2014 (R$ 10,837 bilhões).
Receitas extraordinárias
A Receita Federal arrecadou R$ 13,1 bilhões em receitas extraordinárias no ano passado, o que não evitou a queda real de 5,62% em 2015 em relação a 2014. Esse montante é resultado principalmente do pagamento de tributos gerados pela transferência de ativos entre empresas (R$ 4,6 bilhões) e recuperação de débitos em atraso em decorrência de ações fiscais (R$ 7,5 bilhões) .
Além disso, a concessão de parcelamentos especiais em 2014 ajudou a inflar a base daquele ano. Em 2015, as receitas de parcelamentos como o Refis somaram R$ 22,32 bilhões, ante R$ 40,43 bilhões no ano anterior.
Tributos
A queda na arrecadação atingiu grande parte dos tributos no ano passado, principalmente os relacionados à atividade econômica e ao mercado de trabalho. O pagamento do IRPJ/CSLL caiu 13,82%, somando juntos R$ 183,5 bilhões. A receita previdenciária teve queda de 6,59%, totalizando R$ 379,4 bilhões. O recolhimento do IPI caiu 16% e do Cofins/PIS-Pasep, 4,9% . Em relação aos contribuintes, houve queda de 8,83% no montante pago pelo comércio atacadista (R$ 69,7 bilhões), 14% por fabricantes de veículos automotores (R$ 32 bilhões) e 6,87% no comércio varejista (R$ 58,1 bilhão).