As ações preferenciais da Petrobras (PN, sem direito a voto) registraram queda de 6% nesta segunda-feira e puxaram o recuo do índice Ibovespa. Os papéis preferenciais da petroleira, com prioridade na distribuição de dividendos, iam abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde 4 de julho de 2003.
Por volta das 17h54min, os papéis preferenciais da Petrobras caíam 6%, a R$ 4,87, e os ordinários, com direito a voto em assembleia, perdiam 4,77%, a R$ 6,30. Já a Bovespa encerrou o dia com recuo de 1,64%, a 37.937 pontos.
O barril do tipo Brent chegou a cair a 27,67 dólares nesta segunda-feira. A nova baixa já era especulada após a retirada das sanções econômicas que desde 2012 vinham sendo impostas ao Irã, o quarto maior produtor de petróleo.
No último pregão da semana passada, as ações preferenciais da Petrobras fecharam com um tombo de 9%. Em 2016, o recuo acumulado atingiu 22,8%, com queda em oito dos 10 pregões já encerrados.
Reflexos da queda do preço
Petróleo ladeira abaixo
Além de seus problemas internos, a grande queda do preço do petróleo também influencia o movimento dos papeis da Petrobras. O barril abaixo de US$ 30, após ser negociado acima de US$ 100 até meados de 2014, tem como uma das causas o desaquecimento da economia global. Outro fator que contribui para a redução dos preços é o interesse da Arábia Saudita. O país, que tem um custo de produção baixo, está aumentando a oferta para derrubar as cotações e, assim, inviabilizar o óleo de xisto produzido nos Estados Unidos. O fim de sanções ao Irã, que poderá aumentar a sua produção, também passaram a pressionar a commodity.
Perdas com o FGTS
Em agosto de 2000, o governo deu aos trabalhadores a possibilidade de aplicarem até 50% do seus FGTS em fundos vinculados às ações ordinárias (com direito a voto) da Petrobras. Cálculos da ONG Instituto Fundo Devido ao Trabalhador mostram que, pela primeira vez, o rendimento passou a ser menor do que o do FGTS normal. Enquanto o FGTS, até o dia 10 de janeiro deste ano, se valorizou 103,71% no período, os fundos que têm apenas ações da estatal tiveram rendimento de 50,9%. Em maio de 2008, no momento de maior valorização da Petrobras, a aplicação chegou a ter um rendimento de 1.346%.
O que fazer com o dinheiro aplicado?
O presidente da ONG, Mario Avelino, diz não recomendar a venda das ações por avaliar que a tendência de longo prazo é de recuperação dos preços. Ele lembra que, quando o trabalhador desiste da aplicação atrelada ao papel da Petrobras, o dinheiro volta para a conta normal do FGTS e só pode ser sacado nas condições previstas, como demissão sem justa causa, morte, aposentadoria, compra de imóveis, entre outras situações. Avelino ressalta que, ao longo do tempo, também foi permitido aos fundos diversificar aplicações em outras ações. Com isso, muitos fundos teriam uma performance melhor em relação ao desempenho daqueles que têm apenas papéis da Petrobras. O FGTS normal, lembra Avelino, rende apenas 3% ao ano, mais a variação da TR. Ano passado, o ganho foi de somente 4,84%, menos da metade da inflação. Assim, a orientação da ONG é vender as ações apenas se for possível sacar o FGTS.