Em dia de posse de Barbosa na Fazenda, dólar bate os R$ 4
"Vamos aperfeiçoar a política econômica", diz novo ministro da Fazenda Reforma da Previdência Social é uma das prioridades, diz Barbosa
A nova equipe econômica assumiu ontem, no Palácio do Planalto, instruída pela presidente Dilma Rousseff a fazer "o que for preciso" para retomar o crescimento, mas "sem guinadas e mudanças bruscas". O novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e o do Planejamento, Valdir Simão, receberam ainda a tarefa de trabalhar com "metas realistas e factíveis" para melhorar as contas públicas.
Em um discurso de cerca de 12 minutos, a presidente repetiu várias vezes que é possível conviver com o ajuste fiscal e com medidas para retomar o crescimento econômico, o que era sempre cobrado do agora ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy.
A presidente destacou que é preciso restabelecer o equilíbrio da economia, contendo a inflação e recuperando "com urgência" o crescimento econômico. Dilma também afirmou que continuará defendendo a ampliação do diálogo com o Congresso para que propostas do ajuste fiscal ainda pendentes possam ser analisadas no próximo ano - entre os temas está reforma previdenciária.
Titular do Planejamento até a semana passada, Barbosa participou, antes da posse, de uma teleconferência com investidores brasileiros e estrangeiros. O objetivo era inspirar confiança na nova equipe econômica. A grande preocupação dos analistas do mercado financeiro que participaram da conversa foi com a capacidade do governo em conseguir reequilibrar as contas e reverter o déficit orçamentário atual em um cenário de retração da economia. Enquanto o ministro falava, o dólar bateu a marca de R$ 4, que não atingia desde setembro, e a bolsa inverteu a direção - no final do pregão, fechou em queda de 1,62%.
Um dos temores, que ficou claro nas perguntas feitas a Barbosa, foi com as receitas necessárias para garantir a meta fiscal de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Atingir a meta foi o primeiro compromisso assumido pelo novo ministro durante a entrevista coletiva que concedeu ao ter seu nome anunciado, na sexta-feira passada.
Entre as cobranças dos investidores estava uma base sólida para as promessas que vem fazendo. Barbosa foi questionado sobre como irá aprovar medidas no Congresso em meio à crise política e sobre a meta fiscal do próximo ano, que não foi aprovada nos termos que o governo pediu aos parlamentares. O ministro tentou transmitir confiança.
Barbosa deixou o Ministério do Planejamento, pasta na qual assume Valdir Simão, ex-ministro da Controladoria-Geral da União. Simão defendeu fazer o "possível" para pagar este ano o estoque de R$ 57 bilhões em passivos das chamadas pedaladas fiscais. Por decisão do Tribunal de Contas da União, o governo terá de apresentar à Corte um cronograma de pagamento do estoque dessa dívida.
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Elogios a Levy e ao seu sucessor
Em sua fala, Dilma agradeceu ao ministro Joaquim Levy, a quem chamou de "meu caro". Ela disse que o ex-ministro da Fazenda foi uma presença "imprescindível" para fazer o ajuste fiscal, mesmo em ambiente de crise política. Ela frisou a grande capacidade de agir e inteligência do ex-ministro, mesmo sob intensa pressão.
Dilma se despediu do agora ex-ministro Joaquim Levy
Foto: José Cruz, Agência Brasil
- Levy superou desafios e muito contribuiu para a estabilidade e que jamais deixarei de reconhecer - disse a presidente, sob aplausos.
Sobre os dois novos ministros da área econômica, Dilma também manteve o tom elogioso:
- Experiência e competência são atributos que ambos têm de sobra.
* Zero Hora, com informações de Estadão Conteúdo