Com o ajuste fiscal pela metade e indicadores, como inflação, crescimento econômico e desemprego, cada vez piores, a dúvida de especialistas é quanto a situação da economia brasileira ainda pode se agravar se as medidas de controle nas contas públicas continuarem emperradas no Congresso. A projeção de que o pior já havia passado após a divulgação da queda do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre pode não se concretizar caso o Planalto não consiga aprovar projetos que garantam o equilíbrio fiscal.
- A indústria tem sido beneficiada pelo dólar mais alto, que facilita a exportação. Mas esse ganho é anulado em boa parte pelo cenário de incerteza. Na dúvida, o empresariado reduz investimento, espera e, na necessidade, demite. O ajuste é recessivo, mas é crucial para trazer clareza para a iniciativa privada - explica Julio César Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
Mercado financeiro volta a reduzir projeção de crescimento da economia para 2015
Nesta terça-feira, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que o faturamento da indústria de transformação caiu 8,4% em setembro, na comparação com mesmo mês do ano passado. Além disso, o indicador de utilização da capacidade instalada alcançou um novo recorde negativo e caiu para 77,7%, nível mais baixo desde janeiro de 2003.
PIB brasileiro tem maior queda entre países em desenvolvimento
Professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Emerson Marçal, relembra que o governo tem enfrentado dificuldade dos dois lados, tanto para aumentar arrecadação quanto para cortar gastos, o que considera "preocupante."
- Não devemos achar que a CPMF vá resolver. É uma medida amarga, mas um rombo nas contas neste momento é ainda pior. Podemos ter um ano tão ruim em 2016 quanto está sendo 2015 - projeta Marçal.
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