A contratação de trabalhadores temporários será menor neste ano e mesmo as empresas dispostas a reforçar o quadro nos últimos meses de 2015 estão postergando o recrutamento. Pesquisa divulgada nesta terça-feira pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS), que ouviu 384 varejistas de cidades das regiões de Porto Alegre, Santa Maria, Caxias do Sul, Ijuí e Pelotas, indica que apenas 22,7% dos consultados pensam em admitir funcionários provisórios em suas lojas. Ano passado, o percentual era quase o dobro: 39,8%.
As conclusões do levantamento da Fecomércio coincidem com sondagem da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV). Pesquisa com empresários de 130 municípios dos Estado indica a contratação de apenas 9 mil temporários, metade de 2014, fruto do pessimismo com o comportamento das vendas no fim do ano devido à recessão e falta de confiança do consumidor em ir às compras.
O presidente da AGV, Vilson Noer, observa outro comportamento do comércio em busca de redução de custos. As empresas dispostas a contratar estão retardando a admissão:
- Normalmente, as contratações começam em setembro para as pessoas serem treinadas, mas agora devem ser postergadas para novembro, buscando funcionários já preparados e provados.
O presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, avalia que o resultado da pesquisa é reflexo do pessimismo com a economia.
- Não podemos esconder que há uma crise. Vamos passar por ela, mas esse é mais um sinal da situação que vivemos - avalia Bohn, da Fecomércio.
Cético com as pesquisas, o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre (Sindec), Nilton Souza da Silva, entende que as varejistas acabarão contratando um número de pessoas semelhante ao ano passado.
- A crise não pegou o comércio em cheio como os empresário dizem. Vai ter movimento e necessidade de contratação de temporários. As lojas estão no limite de pessoas - diz.
O dirigente, porém, também nota que neste ano as admissões serão adiadas.
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora
Nem todos os setores do varejo devem sofrer com a mesma intensidade. Para o presidente da AGV, quando chegar o momento de começar a pensar nos presentes, a tendência é o consumidor buscar produtos de menor preço. Com isso, ramos de cosméticos, farmácias e confecções mais populares devem se sair melhor e puxar a contratação de temporários. Para o presidente da Fecomércio, eletroeletrônicos e vestuários são segmentos que podem ter um melhor desempenho.
- O tíquete médio neste ano deve ficar entre R$ 100 e R$ 120, enquanto no Natal passado ficou entre R$ 140 e R$ 150 - diz Noer.
Empresa de um dos setores mais resilientes do varejo, a Panvel prevê reforçar o quadro no Estado nos próximos meses, mas apenas para as farmácias do Litoral. Pretende contratar cerca de 215 pessoas, ante 180 ano passado. A rede também destoa em relação às possibilidades de os temporários permanecerem empregados.
- A maioria acaba efetivada, até pela rotatividade normal - explica Nathalia Tagliani, supervisora de recursos humanos da Panvel.