A agência de classificação de risco Moody's aposta em uma recessão de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2015, seguida de uma estagnação em 2016. O crescimento só deverá voltar no biênio 2017-2018, para o qual a agência projeta uma expansão média de 2%, sendo 1,5% em 2017 e 2,5% no ano seguinte.
Nesse ambiente, a dívida pública brasileira deverá alcançar, no fim do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o nível de 70% do PIB, estima a Moody's, que no começo do mês rebaixou o rating do Brasil de Baa2 para Baa3, com perspectiva estável. O patamar atual da dívida em relação ao PIB é de 63%.
Em relatório publicado nesta quarta-feira, a agência atribui a previsão de alta da dívida a uma insuficiência do ajuste fiscal. "A redução das despesas do governo não tem conseguido compensar o crescimento menor que o esperado para as receitas", explica a Moody's. Se a dívida chegar a 70%, o Brasil poderá sofrer um novo rebaixamento, perdendo, portanto, o grau de investimento.
Para a agência, a ausência de um consenso político sobre a necessidade de reformas que tragam maior rigidez orçamentária e o combate ao aumento de gastos obrigatórios tem dificultado a atuação do governo para reverter a tendência de crescimento da dívida durante o segundo mandato de Dilma.
As previsões da Moody's para a economia brasileira são afetadas negativamente, direta e indiretamente, pela crise da Petrobras. "A decisão da companhia de reduzir seu programa de despesas, de 2015 a 2019, de US$ 220,6 bilhões para US$ 130,3 bilhões, representa um ajuste equivalente a cerca de 5% do PIB", estima.
"A Petrobras é a maior empresa no Brasil, respondendo por cerca de 10% do investimento total, e a sua decisão de cortar gastos está tendo um efeito negativo significativo", justifica a Moody's.