A economia puxou o freio de mão neste início de ano e o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 0,27% nos três primeiros meses de 2015 em relação ao último trimestre de 2014, estima o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), por meio do Monitor do PIB.
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Depois de meses deprimindo a atividade doméstica, a indústria cedeu o lugar como destaque negativo para os serviços, que respondem por dois terços da renda gerada no país. No acumulado de quatro trimestres, o setor de serviços também está em queda - algo que, se confirmado, será inédito na série.
O PIB de serviços diminuiu 0,7% no primeiro trimestre em relação aos três últimos meses de 2014, segundo as estimativas obtidas com exclusividade pelo Broadcast, serviços de notícias em tempo real da Agência Estado, e já atualizadas para a nova metodologia do PIB. O recuo é explicado principalmente pelo desempenho de comércio, transportes e outros serviços.
O cálculo, porém, inclui apenas 70% das informações para o mês de março - faltam os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que será divulgada em 20 de maio.
- Com a inclusão desses dados, o PIB de serviços deve ficar ainda pior. Os pagamentos (de salários) em serviços já estão caindo há algum tempo, há menor demanda por trabalhador. Está reduzindo também a demanda por serviços. Tudo isso afeta o PIB - comentou o economista Claudio Considera, que já chefiou a Coordenação de Contas Nacionais do IBGE e hoje atua como pesquisador associado do Ibre/FGV.
Em 12 meses, o PIB cai 0,9% até março deste ano, com os serviços também no vermelho. A atividade acumula uma retração de 0,2% - a queda, se confirmada pelo IBGE, será inédita nesta comparação desde 1997, quando começa a série. Os dados oficiais serão anunciados em 29 de maio.
- Durante todo o ano passado, a indústria já vinha despencando, enquanto os serviços amorteciam. Agora não, e o grande problema disso é que os serviços empregam muita gente. Vai afetar o emprego - avaliou Considera.
Encolhimento
Na indústria, a crise parece ter se aprofundado rapidamente. Após chegar ao fim de 2014 com recuo de 1,2%, o setor encerrou o primeiro trimestre deste ano com queda maior que o dobro. Em 12 meses até março, a atividade industrial encolheu 2,6% - se confirmado, será o pior resultado desde o fim de 2009 -, diante do desempenho fraco dos segmentos de eletricidade e gás, água e esgoto e da construção civil.