Se não conseguir acertar os ponteiros com o Congresso, o Planalto terá dificuldades para colocar em prática o ajuste fiscal necessário para cumprir a meta de superávit primário. Para pôr as contas públicas em dia sem precisar pedir apoio aos parlamentares, o governo será obrigado a aumentar impostos ainda mais ou abrir mão de programas sociais.
Ao devolver ao Executivo a medida provisória que elevava a alíquota sobre a folha de pagamento das empresas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), indicou que a relação estremecida com a presidente Dilma Rousseff pode impedir que o governo faça a economia necessária para pagamento de juro da dívida.
Dilma defende necessidade de ajuste fiscal em reunião com senadores
Marta Sfredo: o ajuste fiscal subiu no telhado
Se não alcançada, a meta de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), considerada bastante modesta por analistas, arranharia a credibilidade da nova equipe econômica perante investidores.
- O governo pode estar superestimando o efeito de algumas das medidas de controle fiscal - afirma Fabio Alvim Klein, economista da Tendências Consultoria.
As estimativas de arrecadação também podem ser prejudicadas caso a economia se retraia. A alternativa para angariar mais sem precisar de apoio do Congresso seria aumentar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) por meio de medida provisória. Criação de um novo tributo ou a volta da CPMF exigiria suporte de três quintos dos parlamentares.
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Para alcançar a economia necessária sem depender da vontade do Legislativo, o Executivo pode cortar programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida. Há dois dias, excluiu 40% dos beneficiários do programa tarifa social, que dá desconto na conta de luz.