Divulgado na madrugada desta quarta-feira, com meses de atraso, sem auditoria e sem incluir os prejuízos referentes à Operação Lava-Jato, o balanço da Petrobras referente ao terceiro trimestre de 2014 decepcionou - e muito - os investidores do mercado financeiro. Como resultado, as ações da estatal despencaram mais de 11% no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo e puxaram a queda de 1,85% do Ibovespa, que encerrou o dia aos 47.694 pontos.
A estatal registrou lucro líquido de R$ 3,08 bilhões entre julho e setembro do ano passado - 38% a menos que o trimestre anterior -, decorrente, segundo a companhia, da maior produção de petróleo e Líquido de Gás Natural (LGN), que cresceu 6% no período.
O balanço foi aprovado pelo Conselho de Administração da companhia após mais de sete horas de reunião. No entanto, a direção não chegou a um consenso para definir as perdas sofridas em decorrência dos desvios de recursos constatados pela Operação Lava-Jato. Em cálculo interno, a Petrobras indicou que as baixas contábeis podem chegar a R$ 88 bilhões.
Esse foi o valor a mais encontrado em relação ao preço considerado real dos ativos, expurgando o que foi indevidamente incorporado como investimentos entre 2004 e 2012, mas que, na verdade, foram desembolsos em propinas e contratos superfaturados, conforme indicaram as investigações.
Estatal admite ajustes
Definir o tamanho do impacto financeiro do escândalo de corrupção que assola a empresa era, justamente, a principal expectativa do mercado em relação ao balanço. Em nota, a Petrobras afirmou que a divulgação dos resultados, mesmo não auditado e sem esse cálculo, tem como objetivo atender "obrigações da companhia (covenants) em contratos de dívida e facultar o acesso às informações aos seus públicos de interesse. Contudo, reconheceu que será necessário dar satisfações sobre as perdas com os desvios:
"A Companhia entende que será necessário realizar ajustes nas demonstrações contábeis para a correção dos valores dos ativos imobilizados que foram impactados por valores relacionados aos atos ilícitos perpetrados por empresas fornecedoras, agentes políticos, funcionários da Petrobras e outras pessoas no âmbito da Operação Lava Jato."
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As ações preferenciais da Petrobras (mais negociadas na bolsa) caíram 11,21%, cotadas a R$ 9,03, e as ordinárias despencaram 10,48%, fechando a R$ 8,63.
Fala de Dilma
Se o balanço da Petrobras desanimou o mercado, a reunião da presidente Dilma Rousseff com os ministros deu um pouco de alento aos investidores. A presidente reforçou o apoio às medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para equilibrar as contas do governo - como volta da Cide sobre os combustíveis e aumento do IOF. Dilma não deu sinais de querer voltar atrás em quaisquer das medidas confirmadas.
*Zero Hora com agências