Um comunicado enviado pelo Banco Santander a seus clientes de alta renda afirma que o crescimento da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas pode piorar a situação econômica do Brasil. A informação foi tornada pública nesta sexta-feira pelo blog do jornalista Fernando Rodrigues, do portal UOL.
Impresso no extrato dos clientes da categoria "Select" - com renda mensal superior a R$ 10 mil -, o texto afirma que "o câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam alta e o índice da Bovespa cairia, revertendo parte das altas recentes" caso se confirme o sucesso eleitoral da presidente. A mensagem termina dizendo que, "diante desse cenário", os clientes deveriam conversar com seus gerentes de relacionamento para "alocar seus investimentos da maneira mais adequada ao seu perfil de investimento".
O blog lembra que não é novidade no mercado esse tipo de comportamento, ao citar que o empresário Mário Amato deu uma entrevista dizendo que, se o petista Luiz Inácio Lula da Silva ganhasse a eleição presidencial em 1989, 800 mil empresários deixariam o Brasil. Também relata que o analista Daniel Tenengauzer, do banco Goldman Sachs, inventou em 2002 o "lulômetro", que previa a cotação futura do dólar caso o petista fosse eleito.
Por meio de nota, o Banco Santander disse que o texto enviado aos clientes da categoria Select não representa o posicionamento da instituição. No comunicado, é dito que foi ferida a diretriz interna que "estabelece que toda e qualquer análise econômica enviada aos clientes restrinja-se à discussão de variáveis que possam afetar a vida financeira dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário".
Leia na íntegra o comunicado divulgado pelo Banco Santander
"O Santander Brasil vem a público esclarecer que o texto enviado a um segmento de clientes, que representa apenas 0,18% de nossa base, em seu extrato mensal, e repercutido por alguns meios da imprensa hoje, não reflete, de forma alguma, o posicionamento da instituição.
O referido texto feriu a diretriz interna que estabelece que toda e qualquer análise econômica enviada aos clientes restrinja-se à discussão de variáveis que possam afetar a vida financeira dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário. Sendo assim, o Banco pede desculpas aos clientes que possam ter interpretado a mensagem de forma diversa dessa orientação, e reitera sua convicção de que a economia brasileira seguirá sua bem-sucedida trajetória de desenvolvimento."