Um grupo de aposentados e pensionistas do Instituto Aerus, que estão acampados há 20 dias no Salão Verde da Câmara dos Deputados, protestou nesta quarta-feira, em frente à presidência da Casa, contra a falta de resposta do governo a suas demandas. A porta-voz do grupo, Graziella Baggio, explicou que mais de 10 mil aposentados das extintas companhias aéreas Varig, Cruzeiro e Transbrasil esperam um acordo para a retomada do pagamento dos benefícios do fundo de pensão.
Segundo Gabriela, o governo ainda não sinalizou com uma proposta, como foi prometido em agosto do ano passado.
- Até agora não apareceu. Dilma Rousseff está faltando com a verdade com os idosos que trabalharam e ajudaram a construir a aviação brasileira. Queremos salvar vidas e parece que o governo está tentando matar mais gente para não ter que pagar - disse ela.
Os aposentados vieram a Brasília para acompanhar, no último dia 12, o julgamento em que a União foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pagar indenização à Varig por perdas decorrentes da inflação, acumuladas em razão da política tarifária adotada pelo governo entre 1986 e 1991. A decisão foi vista como esperança pelos trabalhadores, mas não avançou na prática.
- A Varig saiu vitoriosa, e o dinheiro é prioritário para os trabalhadores de acordo com a Lei de Falências. O governo se nega e nos engana - acrescentou Graziella.
Números do Sindicato Nacional dos Aeronautas indicam que os trabalhadores que contribuíram para o Aerus recebem hoje 8% do valor que deveria ser pago e, desde setembro do ano passado, vivem sob o temor de que esse pagamento acabe, já que os recursos se esgotaram e o instituto tem conseguido repassar valores provenientes de sobras de reservas e comercialização de bens e imóveis de baixo valor.
O protesto desta quarta-feira foi marcado por gritos de guerra e uma espécie de "malhação de judas", como descreveram os aposentados. Eles montaram bonecos com a foto da presidenta e um corpo feito de balões que foram estourados com pancadas dadas pelos manifestantes no Salão Verde da Câmara.
A porta-voz dos aposentados garantiu que, mesmo dormindo em condições precárias, os manifestantes não voltarão para suas cidades sem uma resposta do governo. Muitos vieram do Rio de Janeiro, de Curitiba e de Porto Alegre.
- Estamos dormindo no chão da Câmara, numa situação ruim, mas vamos resistir até o acordo sair. Só vamos sair quando o acordo contemplar esses idosos - garantiu Graziella Baggio.