Alvo de polêmica desde que foi concebido, quando especialistas questionaram as razões de erguer um complexo distante de Rio Grande, onde plataformas da Petrobras são construídas, o Polo Naval do Jacuí virou preocupação política.
Desde que a Iesa Óleo e Gás passou a atrasar pagamentos e falhar na entrega de encomendas, em novembro do ano passado, o governo do Estado colocou em alerta assessores em Brasília e no Rio de Janeiro, sede da Petrobras, para pressionar pela manutenção dos contratos. O temor é de que as encomendas, ou parte delas, sejam repassadas para Macaé (RJ).
>> Funcionários e empresa se reúnem nesta segunda para discutir acordo e garantir funcionamento do Polo Naval do Jacuí
A situação se agravou neste mês, quando a Iesa parou por falta de dinheiro. No último dia 8, a Petrobras fez uma reunião de emergência na Refap, em Canoas, para buscar soluções. Ficou acertada a abertura de uma conta vinculada para pagar funcionários e fornecedores e a procura de um novo sócio para a Iesa.
- A principal interessada na manutenção do contrato no polo do Jacuí é a própria Petrobras. Não acredito que haverá desistência - afirma Marcus Coester, diretor da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), que acompanha a situação.
Outra empresa no Jacuí já tem um plano B para manter sua parte do contrato: caso a Iesa não se recupere, a Metasa, que investiu R$ 120 milhões em Charqueadas, poderá mandar por balsa os módulos para serem finalizados em outra cidade, mesmo no Rio. Mas a empresa garante que permanece no polo.
Encomendas garantem a permanência de indústria
Douglas Roso, diretor de construção e montagem da Metasa, informa que a indústria tem uma série de encomendas para a Iesa (que estão sendo produzidas), mas há outras duas empresas que já fizeram pedidos, o que garante a continuidade da produção em Charqueadas, onde trabalham cerca de 300 pessoas.
Na unidade que começou a funcionar em 2012 no município, a Metasa monta o que é chamado de pancake, a base que receberá em cima os módulos fabricados pela Iesa.
O que está em jogo
- >O contrato da Petrobras com a Metasa e a Iesa em Charqueadas chega a US$ 800 milhões, e envolve a compra de 24 módulos, que serão utilizados em oito cascos.
- >O Polo Naval do Jacuí emprega 950 pessoas, sendo que 600 estão na Iesa.
- >Entre oportunidades diretas e indiretas, o polo emprega cerca de 1,5 mil pessoas, equivalente a 4% da população do município.
- >A chegada do polo aumentou a arrecadação da prefeitura em R$ 500 mil no ano passado, número que irá crescer em 2014.
Módulos em construção
- >Cascos: oito bases de plataformas do tipo FPSO, também chamadas de navio-plataforma, estão sendo construídas em série no polo naval de Rio Grande. Também é onde os módulos são encaixados.
- >Módulos: é o que transforma o casco em plataforma. Parte desse equipamento deveria ser construída em Charqueadas, no polo de Jacuí. Os módulos formam a parte de cima das plataformas e incluem desde o alojamento para funcionários que trabalham e dormem a bordo até unidades de energia e as que separam petróleo, água e gás.