Saiu do Rio Grande do Sul uma das boias que impediram a balança comercial do Brasil de afundar em déficit em 2013, quando teve o pior resultado em 13 anos: superávit de apenas US$ 2,56 bilhões ante os US$ 19,43 bilhões de 2012. O resultado das exportações menos as importações só não ficou negativo com a "venda" de plataformas de petróleo, algumas construídas pela Quip em Rio Grande. Somadas, as plataformas acrescentaram US$ 7,7 bilhões ao desempenho de 2013, conforme o Ministério do Desenvolvimento divulgou nesta quinta-feira.
A manobra, chamada de exportação ficta, consiste no fato de que, apesar de os terminais serem fabricados no país e permanecerem em operação aqui, entram na estatística de exportação porque a Petrobras faz o registro contábil a uma subsidiária de fora, elevando o superávit. Depois, as plataformas "retornam" como se estivessem sendo alugadas no país.
Uma das causas do resultado decepcionante, embora previsto, foi a crise internacional, que reduziu os pedidos de produtos brasileiros. Não foi só isso, porém, que nos levou a ter queda de 1% nas exportações anuais de US$ 242,17 bilhões enquanto as importações de US$ 239,61 bilhões avançaram 7,4%. O fato de o dólar ter ficado baixo, na visão de exportadores, durante parte do ano impediu que mercadorias nacionais ficassem com bons preços lá fora.
Mas no rol das razões que há décadas impedem o Brasil de avançar no cenário externo, uma série de outros pontos merece ser analisada. Começando por aqui mesmo com desvantagens em cascata que prejudicam a competitividade brasileira: juro, crédito caro, infraestrutura inadequada, custos internos que acabam por encarecer os produtos nacionais.
Tudo que deve perdurar neste ano, salvo mudança brusca sobre a qual que ninguém, infelizmente, tem grandes esperanças. A exceção é o dólar, cuja tendência é de alta - no último relatório Focus a média das apostas é de US$ 2,45 até o final do ano. Mas sem peso suficiente para contrabalançar o cenário difícil que teima em se manter.