No Estado onde calor e frio ditam hábitos da população, os cuidados com o corpo são acelerados à medida que os termômetros sobem. Para chegar ao verão em paz com o espelho, os gaúchos transformam os meses quentes nos mais intensos para o mercado da beleza, que cresce três vezes mais do que a economia.
As cifras investidas em maquiagem, perfumaria e cosméticos, que em 2012 somaram R$ 55 bilhões no Brasil, conforme pesquisa do Ibope Inteligência, dimensionam o potencial de um dos maiores mercados consumidores do mundo. Com peculiaridades culturais - Porto Alegre é a capital em que as mulheres mais tingem os cabelos -, o Rio Grande do Sul tem cuidados estéticos definidos pelas estações do ano.
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- No inverno, a preocupação é o rosto. Nos meses que antecedem o verão, as atenções se voltam para o corpo - resume a dermatologista Lyane Minuzzi.
Responsável pelos tratamentos de pele da Clínica Minuzzi, na zona sul de Porto Alegre, a médica percebe a diferença no comportamento das gaúchas.
- No Rio, onde também temos clínica, os tratamentos para o corpo são feitos o ano todo. Aqui as pacientes começam em setembro - conta Lyane.
Na clínica, que também oferece serviços de endocrinologia e cirurgia plástica, tratamentos não invasivos mais comuns nos meses de calor são para eliminar gorduras localizadas e flacidez. Uma só sessão de drenagem, manthus (ultrasom) e carboxiterapia (injeções de gás carbônico), por exemplo, varia de R$ 100 a R$ 400. Em geral, o efeito aparece em 10 sessões. Também há métodos tecnológicos, como a fotomodulação, que usa lâmpadas de LED vermelho para ativar o colágeno - ou seja, rejuvenescer. Entre os mais invasivos, os campeões são botox, lipoaspiração e prótese de mama - ou silicone.
- Nestes casos, muitos optam por fazer no inverno a tempo de se recuperar para o verão - conta o médico Antônio Carlos Minuzzi Filho, acrescentando que 60% dos procedimentos da clínica são estéticos.
Líder mundial em cirurgia plástica, o Brasil desbancou os Estados Unidos em 2012 ao realizar 1,5 milhão de procedimentos. Para este ano, a estimativa é de um aumento de 20% desse mercado.
- Eu costumo dizer que a vaidade não tem preço. E as pessoas estão cada vez mais dispostas a pagar pela beleza - completa o cirurgião plástico.
Formada em Jornalismo, a modelo gaúcha Daiane Steffens, 27 anos, fez uma lipoaspiração há um mês.
- Tinha algumas gordurinhas que estavam me incomodando - conta a jovem, que faz tratamento de manthus e drenagem para reduzir as medidas.
Daiane já colocou silicone e botox no rosto. Vaidosa, a modelo também trata a pele para reduzir manchas.
- Gasto ao menos metade do que ganho em beleza - conta Daiane, natural de Estrela.
Maquiagem coloca país em terceiro
Com faturamento de US$ 3,5 bilhões em 2012, o Brasil ficou com o terceiro maior mercado mundial em produtos para maquiagem.O país ficou atrás apenas dos Estados Unidos e do Japão, duas economias desenvolvidas. A expectativa da indústria brasileira é de alcançar o segundo posto até 2020.
Quando o assunto é maquiagem, as gaúchas sabem melhor do que ninguém que o frio pede cores clássicas, enquanto tons vibrantes ajudam realçar o bronzeado no calor. Em bases, sombras ou blushes, tendências distintas para inverno e verão fazem com que esse mercado também seja determinado pelas estações.
- No inverno, as mulheres buscam bases para uniformizar a cor do rosto, e no verão a prioridade é ressaltar o bronzeado - aponta Silvia Rachewfky Lemos, franquea-
da de três quiosques da Contém 1G na Capital.
O comportamento de consumo no verão é ditado por necessidades que vão da proteção com filtro solar até a redução da oleosidade.
- Notamos que a mulher está se valorizando mais - completa Silvia, acrescentando que as vendas aumentaram quase 20% em 2012.
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