Bem antes do verão, começa um movimento de migração no Rio Grande do Sul. Não ainda para as praias, mas para as academias, onde a boa forma física é buscada em métodos tradicionais de ginástica aeróbica e musculação ou em novidades como o kettlebell - nome dado à bola colorida com uma alça em referência a sua forma, que lembra a de uma chaleira (kettle, em inglês) e também a de um sino (bell).
A partir de agosto, horários de aulas de manhã bem cedo e à noite começam a ser disputados por homens e mulheres. Em alguns casos, o valor das mensalidades passa de R$ 400, mas o preço não chega a ser um desestímulo.
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- Tivemos um aumento de 30% no movimento de agosto a dezembro, na comparação com os meses anteriores - destaca Paulo Ayres, gerente da Companhia Athletica Porto Alegre, localizada no BarraShoppingSul.
O recorde de faturamento, ou seja, matrículas efetuadas, ocorreu em 19 de dezembro passado. Inaugurada há três anos, a academia abre todos os dias com frequentadores assíduos. Conforme Ayres, 50% dos alunos circulam no local todo dia.
- O nosso corpo é único, e cada vez mais as pessoas percebem que viver bem com ele representa longevidade - completa.
Empresária e mãe de dois filhos, um de cinco anos e outro de oito meses, Patrícia de Oliveira, 32 anos, frequenta a academia cinco vezes por semana, duas horas por dia.
- Intensifiquei as atividades para retomar o corpo que tinha antes da gestação e antes do verão - conta Patrícia.
Há dois meses, a empresária passou a praticar o kettlebell - modalidade de exercícios físicos que vem ganhando destaque no Brasil. A bola de ferro oca com uma haste, com oito ou 12 quilos, promete mudanças consideráveis no condicionamento do corpo em um período relativamente curto de tempo.
Entre os fatores que contribuem para o crescimento do mercado da beleza e da saúde estão aumento de renda, com incorporação de novas camadas ao consumo, participação crescente da mulher brasileira no mercado de trabalho, busca de rejuvenescimento diante da constante elevação da expectativa de vida da população e adequação dos produtos à necessidade dos consumidores.
- E isso não é um movimento, é uma curva de tendência - destaca o especialista em varejo e consumo Roberto Kanter, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A ascensão de camadas emergentes, gerada pelo aumento de renda da população, fez com que a vontade de se autovalorizar, com o famoso "eu mereço", também ganhasse força.
- É a chamada autoindulgência, quando as pessoas justificam o consumo para o bem-estar pessoal, já que trabalham e se esforçam para ter dinheiro. É uma tendência natural em todas as classes sociais - conclui Kanter.
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