Reflexo da baixa confiança dos empresários, com investimentos represados, do maior custo do dinheiro e dureza na concessão do crédito, da inflação que corroeu poder de compra e ainda dos efeitos da crise internacional, o Brasil ficou na lanterna entre os países no segundo trimestre. Com a queda de 0,5% do PIB no período ante o segundo trimestre, estamos atrás até das nações da zona do euro (avanço de 0,1% na média), fortemente abaladas pela crise que ainda não terminou. Até mesmo da Espanha, onde quase 5 milhões de pessoas não vislumbram perspectiva de emprego.
E o que deu tão errado por aqui, além das razões apontadas acima? Nada que não estivesse previsto, mas o tombo anunciado nesta terça-feira pelo IBGE mostra que estamos bem longe dos sonhos do Planalto de PIB maior e inflação menor. A alta dos preços que ainda preocupa, apesar do juro maior, e exigirá mais controle ainda no próximo ano. Afinal, os preços dos serviços públicos - represados ou reduzidos em 2013, como combustíveis, passagens de ônibus, trens, metrô, barcas e energia - deverão subir mais e pressionar a inflação no ano eleitoral. São ingredientes servidos de bandeja para a oposição que o governo promete fazer tudo para evitar no complicado 2014 que se descortina à frente.
Uma das maiores preocupações é a redução dos investimentos, queda de 2,2% do segundo para o terceiro trimestre e o principal responsável pela retração do PIB. E olhem que houve um panorama favorável a que isso mudasse: câmbio mais favorável à importação de equipamentos, crédito imobiliário disponível, juro subsidiado para aquisição de máquinas nacionais, entre outros pontos que poderiam ter sido impulsionadores de, pelo menos, uma pequena retomada.
Sinal da confiança em queda de quem dispõe de recursos para investir e da falta de sinais convincentes da retomada. Quando os investimentos, que precisam tomar velocidade, encolhem, a preocupação em relação ao futuro ganha uma dose a mais neste caldeirão de temores que teima não ter fim.