O segmento que mais vende carros no Brasil, o de compactos, terá pelo menos oito lançamentos nos próximos dois anos, dos quais seis estarão na categoria dos chamados modelos de entrada, os mais baratos de cada marca. Somando compactos populares e versões de mais luxo, a participação nas vendas de automóveis no Brasil é de cerca de 60%, porcentual que pode crescer nos próximos anos, caso o mercado brasileiro siga as tendências globais do setor automotivo.
A demanda mundial por esse tipo de automóvel deve crescer 35% até 2017, para 6,2 milhões de unidades. No mesmo período, a venda global de veículos tem previsão de crescimento de 23%, segundo estimativas da Ford americana.
Neste ano, até outubro, o Brasil sozinho vendeu mais de 1,3 milhão de veículos de pequeno porte, o equivalente a 58% de todos os automóveis comercializados no País. A fila de novidades será puxada pelo Volkswagen Up!, com previsão de chegar ao mercado no primeiro trimestre de 2014. Na sequência virão os novos Ford Ka e Nissan March, os três fabricados localmente, e o importado Geely GC2, quase todos com expectativa de preços abaixo dos R$ 30 mil. Em 2015, será a vez dos substitutos do Chevrolet Celta, do Fiat Mille, do Chery QQ e do JAC J3, todos nacionais.
A categoria é identificada por modelos cujo tamanho vai de 3,5 metros a 4 metros de comprimento, e que abriga também os subcompactos, aqueles com menos de 3,5 metros. Hoje, esse segmento tem pelo menos 30 modelos à venda no Brasil. A lista de compactos de maior venda tem Gol, Uno, Palio, Fox, Fiesta e HB20 na lista, mas a categoria inclui também modelos mais luxuosos, como Audi A1 e Mini One.
O segmento de subcompactos, onde deve se inserir o Up!, tem atualmente os importados Chery QQ, Fiat 500 e JAC J2, ideais para quatro passageiros, e o Smart, para dois.
Produção excedente
A chegada de novas montadoras ao Brasil vai gerar excesso de capacidade produtiva calculado em cerca de 1,4 milhão de veículos (sem contar caminhões e ônibus) em 2017, projeta a PricewaterhouseCoopers (PwC). A sobra chegará a 1,6 milhão de unidades em 2015, mas depois deve cair para pouco mais de 1 milhão de unidades em 2019.
A PwC calcula que, em 2017, as fábricas terão estrutura para produzir 6,1 milhões de veículos, volume que praticamente será mantido dois anos depois. Já a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê capacidade de 5,7 milhões de veículos até 2017, ante demanda de 4,6 milhões, incluindo caminhões e ônibus, o que resultaria numa sobra de 1,1 milhão de veículos. Hoje, diz a entidade, sobram 700 mil.
Segundo a PwC, o excesso será maior no segmento de compactos. O segmento de luxo, que atraiu três novas marcas ao país - Audi, BMW e Mercedes-Benz - não corre o risco de excesso de capacidade. Esse nicho deverá triplicar de tamanho em quatro anos, para cerca de 100 mil unidades, segundo as fabricantes.
Juntas, as três marcas alemãs anunciaram planos de produção de 78 mil veículos ao ano. Ainda haverá os importados e a Land Rover, que também fará veículos de luxo, mas da categoria de utilitários-esportivos. O presidente da GM América do Sul, Jaime Ardila, também aposta em dias difíceis.
- É possível que o setor opere com ociosidade e vai haver guerra de preços.
Novidades na pista
Oito novos carros compactos serão lançados no Brasil até 2015
Segmento representa cerca de 60% das vendas no país
GZH faz parte do The Trust Project