O brasileiro Roberto Azevêdo e o mexicano Herminio Blanco conquistaram os apoios necessários para ser os últimos candidatos na disputa pelo posto de diretor da Organização Mundial de Comércio (OMC). Os 159 Estados membros da OMC devem se reunir na sexta-feira para analisar as candidaturas. O resultado da eleição, decidido por consenso, deve ser apresentado antes de 31 de maio.
Um dos grandes desafios do novo chefe da OMC será reativar as negociações da Rodada Doha para liberalizar o comércio mundial, em ponto morto há anos. Nenhum representante de um país em desenvolvimento exerceu um mandato completo na frente da organização. Em 1999, a OMC decidiu, excepcionalmente, devido ao desacordo dos Estados membros, dividir o mandato em dois anos, entre o representante da Nova Zelândia e o da Tailândia.
Nove candidatos se apresentaram para suceder o francês Pascal Lamy, que deixa o cargo no final de agosto. Os outros três candidatos que chegaram à segunda rodada - da Nova Zelândia (Tim Groser), Indonésia (Mari Pangestu) e Coreia do Sul (Taeho Bark) - não obtiveram apoio suficiente para avançar para a terceira e última fase.
Azevêdo parece contar com amplo apoio no entorno diplomático, enquanto Blanco recebeu o apoio dos países ocidentais. Ambos os candidatos têm ampla experiência comercial. Azevêdo é embaixador de Brasil na OMC desde 2008 e atuou como chefe da delegação em contenciosos chaves vencidos pelo Brasil, como o dos subsídios de algodão contra os Estados Unidos e os subsídios à exportação de açúcar contra a União Europeia.
- O sistema deve ser atualizado ou logo será incapaz de fazer frente às demandas de nosso mundo, que mudou muito - expressou Azevêdo ao apresentar sua candidatura em Genebra.
Já o mexicano Blanco foi o negociador chefe para o México do Tratado de Livre Comércio da América do Norte com os Estados Unidos e Canadá - que entrou em vigor em 1994 - e secretário (ministro) de Comércio entre 1994 e 2000. Blanco defendeu no começo do processo de seleção que, para a OMC recuperar sua "credibilidade", é preciso "diminuir as distâncias" entre as posições de seus diversos membros. Nos últimos dias, o governo do México destacou o apoio que seu candidato recebeu de países desenvolvidos, especialmente os da União Europeia e disse contar também com o apoio de países da África. O governo mexicano confia na trajetória de Blanco, de 62 anos, para conseguir se impor na rodada final. A OMC regula o comércio internacional e conta com um tribunal para resolver litígios comerciais entre seus Estados membros.