A quantidade de vírus direcionados a smartphones e tablets disparou nos três primeiros meses deste ano. Enquanto que em 2011 eram registradas algumas centenas de ameaças, somente entre janeiro e março de 2012 foram detectados 8 mil arquivos maliciosos. Cerca de 7 mil deles são voltados para os telefones equipados com Android.
Essa conclusão está no relatório da McAfee sobre ameaças e demonstram o crescimento das preocupações com os dados armazenados em smartphones e tablets. Carlos González, diretor de Engenharia de Sistemas da McAfee para a América Latina esteve em Porto Alegre a convite da Scunna Networks Technologies e falou a ZH Digital sobre a preocupação em torno do tema.
Zero Hora: Como o uso dos mesmos smartphones e tablets para lazer e trabalho pode ser uma ameaça?
Carlos González: Nós vemos isso como uma onda que começou há pouco, mas que não para de crescer. Não podemos pará-la. E a razão é porque as pessoas usam os aparelhos em casa e querem usar os mesmos dispositivos no trabalho. E esses telefone têm mais poder de processamento do que os computadores que eu usava quando comecei a trabalhar com isso, o que nem faz tantos anos assim.
ZH: É um pesadelo para quem tenta manter os computadores em segurança?
González: Sim. Existem dois caminhos: fechar ou abrir a porta para esses aparelhos. Abrir a porta traz produtividade, se as pessoas usarem smartphones de forma inteligente. Não há porque publicar informação confidencial em redes sociais ou fazer downloads que possam ser programas espiões. Existem ameaças em que você abre o Facebook e clica em um link postado por um amigo. Mas na verdade o computador dele estava infectado e não foi ele quem postou aquilo. Isso acaba infectando o seu telefone.
ZH: Espionagem é uma ameaça real ou é algo de cinema?
González: É real e é uma grande preocupação para nós. Quando conversamos com empresas, vemos que isso é um grande problema. Existe muita competição. Já vimos ataques direcionados a conseguir informações de empresas específicas. É algo que vemos em filmes do James Bond ou Missão Impossível também, mas nem por isso deixa de ser real. É verdade e está acontecendo hoje.
ZH: Quais precauções devem ser tomadas para não ser uma vítima?
González: Todos deveriam ser um pouco paranóicos. E a verdade é que as pessoas não são. Só porque seu filho joga Angry Birds no seu tablet de trabalho, isso já pode ser um risco. Pode ser a versão oficial de Angry Birds, mas pode também ser uma versão comprometida e você estaria levando isso para a empresa onde trabalha sem nem entender quais as implicações disso. Ninguém está livre de ser alvo. A maioria das pessoas acha que não tem nenhuma informação que interesse aos outros, mas todos nós temos informações que interessam aos criminosos. A senha do cartão do banco, o número cartão de crédito, e-mails, o que você compra online. Tem muita gente de olho nessas informações e pagaria muito dinheiro para obtê-las.
Ameaça Virtual
"Todos deveriam ser um pouco paranóicos", diz especialista sobre segurança na internet
Smartphones e tablets são alvos desprotegidos pela maioria dos usuários
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