É entre tecidos, rendas e máquinas de costura que Helena Brentano, Lilian de Bragança, Heloisa Cardoso e Lena Santa Helena se reúnem em torno de um ideal - construir um mundo melhor, com qualidade e equilíbrio. Voluntárias da organização não governamental (ONG) Amar a Vida, elas transformam sobras de tecidos e rendas em peças de teatro e palestras sobre sexualidade para jovens através do Capital Social.
O grupo faz parte de uma estatística que não para de crescer em todo o mundo: atualmente, quase um bilhão de pessoas dedica tempo para o trabalho voluntário. Para ter uma dimensão desse contingente, se todos esses voluntários formassem um país, ele seria o segundo maior do mundo - perdendo apenas para a China - , de acordo com um levantamento da Parceiros Voluntários.
Eles movimentam um contingente que é difícil de medir, mas faz a diferença na vida de muitas pessoas, o Capital Social. Por definição, é a capacidade que alguns grupos possuem de ter acesso a bens, recursos e direitos por meio de relações de confiança, reciprocidade, solidariedade e cooperação. Ele circula no Terceiro Setor, que pode ser formado por ONGs, fundações e cooperativas sociais, entre outras associações de pessoas em prol de desenvolvimento social.
- Trazendo para um exemplo prático, quando se geram relações de confiança, fazemos o bem para todos, inclusive nós mesmos, gerando desenvolvimento pessoal e, por vezes, até financeiros, como nos casos de cooperativas - explica o coordenador do Núcleo de Estudos em Políticas Públicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Hemerson Luiz Pase.
Ong usa a força produtiva de voluntários
O Capital Social não é, portanto, exclusivamente econômico. Se configura em uma força de trabalho e iniciativa que produz crescimento pessoal e coletivo. No caso da coordenadora da ONG Amar a Vida, Helena Brentano, por exemplo, provê conhecimento e vivência cultural para jovens, além da satisfação pessoal da voluntária.
- Tinha uma filha adolescente em 2005, quando percebi que os jovens tinham algumas dificuldades em entender a sexualidade. Resolvi, então, criar essas oficinas para ensinar técnicas de proteção e, através da reflexão sobre sexo e amor, repassar alguns valores a esses jovens - conta.
Foi através da doação de tecidos de empresas e do governo (que doa materiais apreendidos), Helena se uniu com outras voluntárias para produzir peças artesanais e, com sua comercialização, manter uma estrutura física para ONG e financiar transporte e material para as palestras. Através de parcerias, também agregaram ao trabalho peças de teatro.
- O Capital Social dentro da nossa instituição é essencial. Todos somos voluntários e, com isso, engajados na continuidade do trabalho e com criatividade para a solução dos problemas. Sem isso, estaríamos fadados a sucumbir - declara.
Capital Social será tema de seminário
O Capital Social como agente do desenvolvimento é, justamente, o tema de um seminário internacional que será realizado na próxima semana, na Capital. Promovido pela ONG Parceiros Voluntários, o evento vai reunir quatro especialistas no assunto para abordar o conceito de Capital Social como impulsionador do crescimento econômico a longo prazo e, com isso, reduzindo a criminalidade e favorecendo a saúde pública e a governabilidade democrática.
AGENDE-SE
Seminário Internacional Pare e Pense
- Tema: Capital Social como Agente do Desenvolvimento Econômico
- Segunda-feira, 21 de maio, das 9h às 13h
- Teatro do Bourbon Country (Avenida Túlio de Rose, nº 80)
- Inscrições: www.parceirosvoluntarios.org.br com a doação de 2 quilos de alimento não perecível
- Palestras com: Lester Salamon, Michael Woolcock, Terezinha Rios e Hemerson Luiz Pase