A confiança dos envolvidos no setor de imóveis (construtores, corretores e compradores) mostra o maior índice desde o primeiro semestre do ano passado. É o que aponta estudo feito pela Alphaplan, empresa especializada no serviço. Produzida em parceria com Sinduscon e Creci do Estado, a pesquisa começou em julho de 2015 e, desde então, apontava pessimismo no Índice de Expectativa do Mercado Imobiliário (Iemi),desenvolvido pela Alphaplan Inteligência em Pesquisas, com a cooperação técnica de Sinduscon, Creci e Rede Gaúcha de Imóveis. De acordo com os organizadores, o trabalho, nos moldes que foi feito, é inédito.
O Iemi é uma somatória de pontos baseada no que todos os envolvidos no setor pensam a médio, curto e longo prazos. Alguns dados de mercado também são analisados, e os números viram um índice, que vai de 0 a 200. Em julho do ano passado, o Iemi era de 84,2. Em janeiro, caiu para 74,2, o mais baixo índice registrado. Em setembro, na última medição divulgada, chegou a 109. Conforme a Alphaplan, zero é pessimismo total, 100 pontos significa estabilidade e 200 seria otimismo total.
– Os números vão continuar subindo, mas a velocidade pode ser menor. O processo de estabilização do setor é um pouco mais longo. Em um mês, pode cair um pouco, mas certamente a gente está em um caminho de recuperação – analisa o economista e diretor da Alphaplan Inteligencia e Pesquisa, Tiago Jung Dias, que avalia o mercado há 15 anos e desenvolveu o índice.
O analista acredita que, para crescer, o mercado da construção civil precisa trazer "propostas diferentes", sobretudo na parte financeira, para se adequar à crise. É preciso deixar claro para o consumidor que ele terá resposta financeira com o investimento, o que, para concretização do negócio, pode pesar mais do que a qualidade do empreendimento em si.
Preço ainda é incógnita
Sobre o valor dos imóveis, ele avalia que a instabilidade do mercado impossibilita cálculos precisos.
– O mercado de imóveis residenciais ainda tem mais espaço para se desenvolver, é cíclico. Entrou em crise com o país, e agora volta a crescer. A gente espera que em 2021 esteja no topo, mas o caminho até lá é de recuperação, só depois vem o crescimento. Enquanto houver pressão do estoque nas incorporadoras, não dá para falar em aumentar o preço dos lançamentos – resume.
Entre todas as "pontas" envolvidas no setor, os mais otimistas são os que, normalmente, têm mais informações sobre o mercado: as incorporadoras. Na avaliação delas, atingiu 125,2 pontos. Os consumidores ficaram logo atrás, com 111,5. Os menos confiantes em uma recuperação a curto prazo são os intermediários dos negócios: os corretores. Entre as imobiliárias, o Iemi atingiu 90,3 pontos.